O quinto álbum de estúdio de Little Simz foi lançado no dia 12 de dezembro intitulado de No Thank You. Um ano depois do lançamento de Sometimes I Might Be Introvert, Simz regressa com um projeto onde nos fala das vivências na indústria musical e a sua evolução pessoal ao longo do percurso.

NME

O disco inicia com a calma batida de “Angel”, onde a rapper britânica reflete sobre o controlo e poder que as editoras discográficas têm no processo criativo dos artistas (“Why did I give you the keys to authorise sh*t on my behalf?”). Ao longo desta música, a mesma também aborda o descrédito da saúde mental por parte das grandes editoras (“They don’t care if your mental is on the brink of somethin’ dark/As long as you’re cuttin’ somebody’s payslip”).

Na faixa “X”, Little Simz apresenta-nos um instrumental com um estilo gospel e mais orquestral, que desenvolve de uma forma épico, sendo um dos melhores [se não o melhor] instrumentais neste projecto. Nesta composição, Little Simz aborda a opressão das comunidades afro-americanas, desde o tempo da colonização até aos dias de hoje (“You wanna give us the Bible and have us give up the land”), e como fará de tudo para falar desta realidade até não o conseguir fazer (“Never silenced, I’ma speak my truth till the end”).

“Broken” foi uma das músicas mais densas que este disco nos trouxe. Em sete minutos e 29 segundos  [a mais comprida no álbum], Simz abre portas à sua consciência e aos problemas de saúde mental pelos quais atravessou nos últimos tempos. A rapper britânica consegue explicar a sua perceção de se sentir incompleta, quebrada e stressada de uma forma clara e objetiva ao longo da música. Consegue tal feito enquanto nos entrega rimas bem pensadas e com um flow impressionante.

Os vários instrumentais que podemos experienciar ao longo deste álbum, muitas vezes fazem com que não nos apercebamos da mensagem a ser transmitida. Durante uma primeira audição, podemos pensar que estamos a ouvir um simples projeto de Hip-Hop/R&B, mas quando prestamos atenção, e quando realmente observamos as letras das músicas, é que podemos sentir e sofrer com Little Simz.

Observamos, desta forma, Simz no seu estado mais puro e transparente, onde sentimos todas as suas frustrações e angústias. Se alguma vez se questionou se a artista britânica iria conseguir realizar um projeto de tão alta qualidade como Sometimes I Might Be Introvert, seguramente, podemos afirmar que No Thank You alcança o nível de qualidade do álbum anterior, ao representar uma possível carta aberta [sem filtros] do estado atual da indústria musical.