A peça de teatro faz homenagem à mulher.

Nesta quarta-feira, dia 17 de janeiro, decorreu na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão um ensaio da peça Anónimo Não é Nome de Mulher, reservado à imprensa. No ensaio foi divulgado o conceito do espetáculo, pelas palavras da guionista, Mariana Correia Pinto, e do encenador, António Durães.

A origem da obra deveu-se à “colisão” da investigadora Luísa Pinto com o livro de Annacarla Valeriano, “Malacarne”. Na publicação constam aspetos da Itália fascista de Mussolini, nomeadamente o facto de mulheres “não integrantes aos padrões do regime” serem direcionadas para hospícios. Os relatos são escassos, mas os suficientes para a investigadora pedir à sua colega, Mariana Correia Pinto, a criação de uma peça sobre o tema.

Adicionando ainda mais pesquisa às informações de Luísa Pinto, a guionista Mariana Correia Pinto prepara a peça “Anónimo Não é Nome de Mulher”. Segundo a mesma, esta representa “o que é ser mulher nos séculos XIX e XX, mas também o que é ser mulher agora”. Com o crescimento de regimes de extrema-direita, a guionista concilia os hospícios da Segunda Guerra Mundial com a “voz atual” das mulheres, através de um monólogo.

De modo a converter as palavras em imagens, Mariana Correia Pinto escolheu o encenador António Durães para dar vida a uma parcela da História da Mulher. Surgem assim sete personagens, interpretadas incrivelmente por Maria Quintelas e Luísa Pinto, e dois tempos: o passado e o presente. No passado, o enredo centra-se em duas mulheres internadas no Hospício de Santa Teresa, devido ao seu comportamento “psicótico”. Observamos também uma hierarquia social, com a presença de uma mãe, uma auxiliar, uma médica e uma autarca- cada uma com um peso e perspetiva diferente sobre o que é ser mulher. Na atualidade, verificamos uma mulher também considerada “louca” mas que, ao longo dos seus monólogos, se compreende-se o que está por detrás dessa apelidação.

Decidiu-se adicionar também uma terceira pessoa: Cristina Vaselar, com a sua interpretação musical. Presente durante toda a peça, a artista adiciona o seu toque especial em certas partes da peça, de modo a intensificar os acontecimentos. Revela também o papel de “separador de cena”.

“Anónimo Não é Nome de Mulher” estará disponível ao público entre os dias 19 e 21 de janeiro na Casa das Artes de Famalicão. Terá início às 21h30, com 90 minutos de duração.