1998 foi o ano em que At The Apollo ’79 viu a luz do dia. Esta produção reflete o astuto desempenho de Bob Marley & The Wailers, em colaboração com Carlton Carly Barrett, Allen Cole, Lee Scratch Perry, Vincent Ford, entre outros.
Não é de todo desconhecida do público a forma singular como Bob Marley & The Wailers apresentam os seus álbuns. Com um registo melódico contagiante e com uma mensagem que transborda paz e amor, torna-se difícil ficar indiferente ao talento deste grupo. Assim como em tantos outros álbuns, At the Apollo ´79 não deixa de parte o que de tão bom o reggae tem para oferecer: o ritmo e a consciência do que nos rodeia.O álbum lançado em 1998 em colaboração com a editora Absord Music Japan conta com 15 faixas, onde Bob Marley partilha voz com Carlton Carly Barrett, Allen Cole, Lee Scratch Perry, Vincent Ford, entre outros.
A primeira faixa que nos é apresentada intitula-se “Natural Mystic”, que retrata sem rodeios uma cruel realidade. Deste modo, a existência da morte e do sofrimento são de profundo conhecimento por parte do vocalista, que ainda assim diz desconhecer a razão para tantas injustiças, rematando “Don’t ask me why / Things are not the way they used to be”. A solução dada pelo mesmo parece assentar na complexa tarefa de escutar e meditar no que a natureza tem a dizer, “There’s a natural mystic blowin’ through the air / If you listen carefully now you will hear”. Esse “natural mystic” que é apresentado como solução, reside na esperteza de escutar o que nos rodeia tendo em vista a paz e a eliminação do sofrimento.
De seguida, a música “Them Belly Full, But We Hungry” detém o poder de consciencializar os ouvintes para a existência das assimetrias, que se refletem na pobreza e consecutivamente na fome, sendo audível “A pot a cook but the food no’ ‘nough”. Marley esclarece no meio dos ritmos contagiantes e vibrantes que a sua própria música, a par da dança iriam permitir esquecer os problemas, as fraquezas, as doenças e acima de tudo a tristeza, “You’re gonna dance to Jah music, dance / We’re gonna dance to Jah music, dance,”.
Posteriormente, a décima faixa “No Woman, no Cry” com um instrumental leve, mas ao mesmo tempo bastante impactante, já se entranhou na vida do público como sendo um dos maiores sucessos dos Rei do Reggae . Aston Family Man Barrett, o baixista dos The Wailers confessou à NME: “A música é sobre a força da mãe, é claro, a força das mulheres. E nós amamos uma mulher com uma espinha dorsal. Elas têm que ser como uma leoa! Mulheres fortes que não dependem do homem. Claro que o homem está lá para ajudar, então para todos os homens de sucesso, existe uma boa mulher.”
Também “African Unite” me suscitou especial espanto. Na produção musical é percetível o desejo de Marley em ver o nascimento de uma África unida pelos ideais de justiça social. Paralelamente, analisando as sonoridades da mesma, podemos inferir que os instrumentos utilizados oferecem um caráter emotivo à faixa, não deixando de parte a esperança, característica tão intrínseca à suas produções artísticas.
Por fim, “War/No More Trouble” é a última faixa do álbum e deixa aquela que é uma das mais importantes mensagens recitadas pelo artista e pelo seu grupo. Começando por narrar todas as injustiças e crueldades que os povos dos países africanos sofrem assim como o desrespeito pelos direitos humanos, o Rei do Reggae relembra o quão dispensável é o ódio, salientando que o amor é a solução para todos os nossos problemas “What we need is love / To guide and protect us on”.
At the Apollo ´79 reúne as canções mais inspiradoras deste ícone. O ritmo inusitado e contagiante que convida à descontração, aliado às letras que plantam a ânsia de um mundo melhor, tornam este álbum poderosamente único.
Álbum: “At the Apollo ´79”
Artista: Bob Marley & The Wailers
Editora: Absord Music Japan
Data de lançamento: 1998