O Rapaz do Pijama às Riscas é uma obra de 2006 criada pelo irlandês John Boyne. É considerada uma ótima introdução ao mais desumano acontecimento da Segunda Guerra Mundial, o Holocausto. Contudo, a história é agora criticada pela carência de factos inteiramente fidedignos.

Após o pai de Bruno ser promovido profissionalmente, toda a família vê-se “obrigada” a sair de casa e a mudar-se para outra cidade. Bruno não encontra nada nem ninguém que o entretenha no novo espaço. Para além disso, a casa é delimitada por uma vedação de arame.

Esta vedação “estende-se a perder de vista” e isola as interessantes pessoas que Bruno consegue observar através da janela: pessoas essas que usam pijamas às riscas. Curioso, o protagonista resolve investigar até onde vai a vedação. Deste modo, encontra um rapaz mais ou menos da sua idade, Shmuel, que se torna seu amigo.

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Boyne consegue captar perfeitamente a inocência da personagem principal. Sendo uma criança, Bruno não tem a consciência que tanto o leitor como parte da família possui. Para o protagonista, Shmuel é um rapaz como ele, onde a sua única diferença é usar todos os dias um pijama às riscas. Esta “história de inocência num mundo de ignorância “permite acrescentar algo à previsibilidade dos acontecimentos narrados, adicionando um tom emotivo aos aspetos informativos.

Apesar do esperável desfecho trágico, o mesmo são se torna vazio de sentimentos. O final demonstra de forma crua e trágica (porém pouco credível) a “ignorância” que existe num mundo rodeado pela guerra e pelo preconceito. Proporciona uma conscientização ao leitor aos caminhos lamentáveis dos preconceitos, nomeadamente a quem os cria, acredita e propaga.

No entanto, a criação de Boyne não é exemplo de conhecimento do Holocausto. O pensamento que os “alemães comuns” eram ignorantes às atrocidades cometidas nos campos de concentração é falsa. O livro falha, assim, na procura da verdade neste tema sensível. Apesar da inocência de Bruno conseguir justificar esta ignorância, torna-se pouco plausível a elementos familiares, como a mãe, mostrarem desconhecimento da situação – sobretudo quando era tão falado nos discursos do regime Hitlerista.

O livro falha também na criação de tridimensionalidade a personagens secundárias interessantes. Exemplo disso é Pavel, o criado judeu da família de Bruno. Sabemos muito pouco como Pavel trabalha sendo judeu, para além da sua história por detrás do preconceito do regime fascista. Explorar mais esse ponto traria outra ótica à história e poderia compensar a falta de factos históricos.

O Rapaz do Pijama às Riscas mostra-se assim com um maior objetivo de revelar a tragédia da ignorância em si e não do contexto a ele integrado. Pode-se considerar uma boa introdução para a tragédia social dos julgamentos presentes na época de segunda Guerra, mas um péssimo exemplo para a aprendizagem do que foi, realmente, o Holocausto.