A Tuna Universitária do Minho (TUM) entrou no contexto musical da cultura portuguesa no ano de 1990, tendo a sua estreia ao público acontecido nas Monumentais Festas do Enterro da Gata desse mesmo ano. Com ensaios marcados para as 21h30 de terças e quintas feiras, por baixo do Bar Académico (BA), a tuna masculina passou os últimos 32 anos a atuar não só na região minhota, mas por todo o país e até no estrangeiro.

A TUM está integrada na ARCUM, Associação Recreativa e Cultural Universitária do Minho e foi criada naquele que foi considerado o início das tunas universitárias em Portugal, inspirada pelos grupos de música popular. Em entrevista ao ComUM, Daniel Carvalho, membro desta que é a mais antiga tuna da UMinho, explicou que muitos dos elementos destes grupos “fizeram parte da génese daquilo que foi a formação da Tuna Universitária do Minho.”

O tuno relembrou os vários países a que os “vermelhinhos”, como foram apelidados devido à sua adoção da cor vermelha no uso do traje, já levaram a cultura minhota. “Já estivemos no continente americano, no Chile, no Porto Rico e México, e mais recentemente temos feito, quase todos os anos, digressões europeias”, relatou, “no presente ano letivo temos planeada uma digressão a Itália.”

Nos seus ensaios o ambiente é “ de convívio entre amigos com interesse pela música e com dedicação àquilo que é a atividade da tuna”. Em troca, o que esperam de quem entra é “um espírito de companheirismo forte e vontade de aprender”, sendo que os membros mais velhos procuram sempre auxiliar os mais novos, para que estes consigam também trazer à tuna o que ela mais precisa para cumprir as suas atividades.

Inserir a participação num grupo cultural no horário da vida universitária acaba por ser uma preocupação frequente naqueles que consideram integrar uma tuna, no entanto, Daniel Carvalho admite que “acaba por ser mais fácil do que parece”. Destacando a importância de uma boa gestão de tempo, revela que “a questão não é ter tempo para tudo, mas não perder tempo com procrastinação”. Adverte ainda que encarar este tipo de desafios pode até ser benéfico, na medida em que obriga a uma maior capacidade de organização.

Em palco, aparecem sempre animados, com uma energia contagiante e vontade de manter a tuna no patamar esperado pelas pessoas que a acompanham. É isso mesmo que acontece num dos eventos de maior destaque na sua atividade anual, o FITU Bracara Augusta, festival criado no ano posterior à sua estreia e que promete sempre surpresas, música e boémia. Este ano, de regresso ao Theatro Circo, está marcado para os dias 28 e 29 de abril.

Sendo um grupo que vive do convívio entre os seus elementos, a época de pandemia não foi fácil para a TUM. “Ainda não dá para fazer música à distância”, admitiu Daniel Carvalho, “acabamos por ir planeando as atividades que gostaríamos de fazer quando a pandemia acabasse, pensar como poderíamos pegar nelas mal tivéssemos oportunidade de estar juntos novamente”, completou.

Não deixaram de manter o contacto com o seu público através das redes sociais, e chegaram, até, a participar em atuações virtuais, numa etapa mais enfraquecida da Covid-19. “No final, o esforço de todos resultou e, quando voltamos ao formato presencial, foi como se só tivéssemos carregado num botão de pausa, voltou tudo à normalidade.”

Daniel finalizou a entrevista com uma mensagem de motivação para todos aqueles que percorrem neste momento o percurso universitário, pedindo que “aproveitem todas as oportunidades que proporciona, seja a nível académico, nos seus cursos e nas atividades de caráter associativista, seja nos grupos culturais.” Convida, ainda, a que todos vivam ou revivam aquilo que é a vida académica já no próximo FITU Bracara Augusta.