Na noite de sábado, 25 de Fevereiro, o Theatro Circo abriu as portas a Valter Lobo e à sua banda. Com um repertório repleto dos temas pertencentes aos seus dois últimos lançamentos, Valter Lobo criou uma atmosfera envolvente.
Povoada tanto de fãs da velha guarda como de novas aquisições que seguem o seu último projeto, a sala de espetáculos do Theatro Circo esperava ansiosamente pelo artista. O aplauso inicial demorado comprovou a admiração de uma audiência eclética, que seguidamente se deixou envolver pelos primeiros acordes na guitarra de “Desencanto”, última faixa do seu segundo álbum. A beleza do espetáculo que se desenrolou tornou-se evidente. A voz de Valter Lobo, doce nos graves e comovente nos agudos, embalou a acústica do único instrumento a ser tocado. Para além disso, a escolha das luzes que povoavam o palco, bem como as exteriores usadas para pintar todo o espaço, tornaram a atmosfera ainda mais tocante.
Após a performance a solo de algumas músicas mais calmas, os restantes membros da banda subiram ao palco, tendo-lhes o artista principal agradecido juntamente com a equipa técnica. O paradigma da sonoridade sofreu, então, uma mudança, interpretando músicas mais upbeat e rítmicas. Todos os elementos demonstram uma profunda sincronia e conexão entre si, sabendo quando se neutralizar no centro de toda a construção musical e quando se destacar. Jorge Moura, seu antigo companheiro de curso, trouxe escolhas marcantes e profundamente bem executadas na guitarra e melodias que nos fazem viajar. A bateria, tocada por Pedro Oliveira, endireitou o rumo de todas as canções, seja esse rumo mais tranquilo ou mais notório, como, por exemplo, no tema “Melodia”. Apesar do baixo exigir uma presença quase subconsciente mas essencial na música, Pedro Santos revelou-se um dos elementos mais expressivos a nível corporal.
Por fim, é importante realçar a atmosfera intimista que Valter Lobo assegurou ao longo do espetáculo. A interação que teve com o público surgiu de forma extremamente orgânica. O artista deixou que o espectador entrasse no seu mundo e cooperasse em linhas de raciocínio que lhe surgiram no momento. No entanto, os momentos mais emotivos foram os dos poucos temas em que o público cantava com o artista. Essa cooperação entre os dois lados da performance deu ao espectador uma sensação de pertença, proximidade e união com o cantor, na mesma medida em que amplificou o significado e teor emocional das letras recitadas.
O concerto realizou-se após uma tour na América do Sul, sendo considerado quase como um regresso a casa, tendo em conta as raízes nortenhas do artista e o seu antigo percurso enquanto estudante da Universidade do Minho. Atua no próximo dia 28 de Fevereiro, no Chiado, Lisboa, para comemorar os 25 anos da FNAC.