Vistas em uma trincheira, em que a escolha feita pode alterar completamente o curso de suas vidas, as mulheres de A Voz das Mulheres são pressionadas a escolher uma das três opções: fugir, ficar e lutar, ou não fazer nada. Após sofrerem ataques e abusos sexuais na sua própria comunidade, elas decidem reunir-se para tomarem algum tipo de atitude em relação ao acontecido.
A história tem como base um facto real que aconteceu na Bolívia, numa colónia Menonita entre 2005 e 2009. Onde as mulheres eram sedadas com tranquilizante de gado e violentadas por nove homens. Em 2018 a escritora Mirian Toewes, que também cresceu em uma dessas colónias religiosas híper tradicionais, mas no seu país de origem, o Canadá, escreveu um livro que cria uma ficção com base nos acontecimentos ocorridos naquela comunidade. E foi assim que a atriz e diretora Sarah Polley adaptou a obra para o cinema, em A Voz das Mulheres.
A reunião entre as mulheres toma lugar, uma vez os homens foram a cidade para pagar a fiança dos violadores. Uma das primeiras cenas que vemos, são as mulheres a votar em qual direção seguir. Como nesta comunidade a população feminina não sabe ler nem escrever, pedem ao professor da colónia, que simpatiza com a sua causa, para lhes escrever a ata do debate.
O filme é carregado por nomes de grande importância como Claire Foy, que foi protagonista na séria The Crown; Rooney Mara, que já esteve em prestigiados projetos, assim como Jessie Buckley e Ben Wishaw. Teve mais de uma indicação aos Oscares e aos Globos de Ouro, e ganhou, inclusive, o Oscar na categoria de Melhor Argumento Adaptado.
Ao longo do filme vemos este grupo de mulheres a debater sobre o que fazer, e a lutar internamente com suas crenças e o que sempre lhes foi imposto a acreditar. A guerra entre a sua religião e fazer justiça. Além da luta que elas travam para serem tratadas de forma humana e serem escutadas, outros tópicos importantes são trazidos à tona, como a ansiedade e a transexualidade. Apesar do tema pesado, ainda somos capazes de soltar algumas gargalhadas perdidas, tendo em conta que por vezes como uma forma de lidar com a situação, optam pelo humor.
As cores em A Voz das Mulheres são muito escuras, por vezes as cenas parecem até estarem em preto e branco, algo que acentua a sensação de aflição enquanto vemos aquelas mulheres debaterem o seu futuro e sofrem. Entretanto, o relógio passa, e o regresso dos homens fica cada vez mais perto. O filme possuí também uma esplêndida trilha sonora, comandada por Hildur Guðnadóttir, tanto que foi indicada aos Globos de Ouro como Melhor Banda Sonora.
Em conclusão, A Voz das Mulheres é um filme muito impactante e cativante, mostra-nos que apesar de não ser a realidade de muitos, ainda há casos comos este, em que as mulheres são consideradas escravas, e se vêm em situações sem saídas. Há belíssimos monólogos, além de cenas muito bem-feitas.
Título Original: Women Talking
Realização: Sarah Polley
Argumento: Sarah Polley e Miriam Toews
Elenco: Rooney Mara, Claire Foy e Jessie Buckley
Estados Unidos da América
2022