Lançado em outubro de 1994, o livro da autoria de Maria Teresa Maia Gonzalez, aborda temas como a toxicodependência e a solidão. Entre pouco mais de 150 páginas, a autora, consegue criar uma história intemporal, possível de relacionar e vivenciar até aos dias de hoje.

Com uma escrita simples e apropriada, Maria Gonzalez, emerge-nos na história de uma menina de 14 anos, Joana, que começa a escrever cartas (quase) todos os dias para a sua melhor amiga, Marta, que morrera há quase um mês de overdose. São todos os relatos feitos por uma adolescente em fase de luto que, ainda que não tenhamos uma história de vida tão densa como a dela, nos fazem compreendê-la e nos conectarmos com as suas emoções e problemas.

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Ao longo da narrativa, vemos Joana crescer: desde as mudanças no quarto até às mudanças de visual e de comportamento; desde os momentos deitada no baloiço em formato de lua localizado no centro do seu quarto, em quarto minguante quando está triste, ou em quarto crescente quando quer pensar e refletir; desde as suas conversas privadas com a sua fiel confidente, a avó, aos problemas causados pela ausência dos pais e pela sua má relação com o seu irmão; e até mesmo à maneira com que ela passa a escrever ao longo dos anos.

Uma história bastante envolvente, que nos faz questionar sobre a importância da presença parental ao longo da vida, especialmente em alturas difíceis como a morte de alguém querido. Nunca nos deixa indiferentes aos comportamentos díspares entre os pais de Joana, que mal têm tempo para ela, e os pais de Marta, que faziam questão de estarem presentes.

À medida que a trama avança, queremos participar e intervir. Quer seja para dar uma palavra amiga a Joana e ajudá-la ou para chamar a atenção aos seus pais despreocupados e pouco atentos, que não percebem as mudanças na própria filha.

A Lua de Joana, toca em temas sensíveis, como a solidão, as drogas na adolescência e as maneiras de (tentar) ultrapassar o luto.  Uma obra escrita “para todas as Joanas e Joões”, que adensa, tem uma reviravolta e aperta o coração ao longo da sua leitura, e nos faz perceber o quão fácil é entrar num ciclo e nos perdermos por lá, sem nem percebermos o que nos fez iniciá-lo.