Uma seleção coesa e memorável de synthpop. Podemos assim descrever “True Romance”, primeiro álbum de estúdio da cantora inglesa Charli XCX, lançado em 12 de abril de 2013.
A artista ficou globalmente conhecida no mainstream após lançar “Boom Clap”, música tema do filme The Fault in Our Stars e por escrever assim como participar de “I Love It”, lançada pelo duo feminino Icona Pop.Na época da criação do disco, a cantora era bem mais jovem então tratava de seus romances e términos com mais intensidade e menos maturidade, mas isso não quer dizer que não sabia expressar artisticamente seus sentimentos, muito pelo contrário.
O álbum inicia criando uma atmosfera misteriosa com uma intro dentro da faixa “Nuclear Seasons” uma canção no estilo dark wave e regada de produção difusa e “all over the place” que fala em sobreviver um relacionamento que já acabou. Seguimos para “You (Ha Ha Ha)”, o quarto single do disco. Poderia ter sido o primeiro, isso porque a essência da faixa funciona perfeitamente para apresentar o conceito lírico e de produção do disco, com o incremento de possível hit (dentro das proporções de alcance). A canção foi uma febre no Tumblr em meados de 2013, isto porque contou com um clipe que seguia a moda edgy da época.
Já em “Take My Hand”, Charli chama seu interesse romântico para sair e se aventurar na noite em uma canção despretenciosa, divertida e dançante. “Stay Away” em seguida foi o primeiro single da era. Em trechos como “Eu nunca precisei de ninguém, mas agora que foste embora, fica longe. Por não podes apenas ficar longe?” a cantora conversa diretamente com uma pessoa que quer continuar a fazer parte da sua vida, mesmo depois de deixá-la, confundindo a sua cabeça. Como nas outras faixas, essa também contou com batidas fortes e sintetizadores, mas tem um ar mais melancólico e sombrio.
Continuando na linha de sad songs, temos “Set Me Free (Feel My Pain)” que conta a narrativa de alguém preso em um relacionamento que machuca, e que transfere a atitude de quebrar o ciclo vicioso ao outro: “Eu não consigo mais fazer isso, você está me despedaçando. Então me dê o último beijo e eu terei que deixar você saber que você tem que me libertar.” a artista declara na ponte.
Um dos pontos mais altos do álbum, não atoa uma “fan-favorite” é “Grins”. Com potencial para ser single, a faixa fala sobre se apaixonar intensamente e se render completamente ao sentimento, enquanto a produção envolvente e progressiva constrói uma atmosfera de êxtase, representando essa entrega amorosa, que atinge seu ápice na parte final da canção.
“So Far Away” é mais uma música sobre o sentimento sufocante de não conseguir sair de um relacionamento que magoa. É interessante a forma como a produção foi composta, usando sons parecidos com ondas de mar ou brisa, dando a sensação de se afastar, e no caso, se afastar de si mesmo. Já em “Cloud Aura” temos o único feat do projeto com a rapper Brooke Candy, nome muito promissor na época e que veio do mesmo nicho de audiência que Charli. A parceria funciona muito bem pelo estilo despojado de ambas em cantar seus versos que falam em sua maioria de superar um relacionamento.
O último single lançado da era foi “What I Like”, soa como uma continuação de “Take My Hand” e cumpre seu propósito de finalizar a divulgação do disco sendo fiel às composições líricas e de produção do corpo do projeto.“You’re the One” e “Lock You Up” são love songs bem afetuosas mas não óbvias, o que é um ponto positivo. O ponto fraco do álbum fica com “How Can I”, que faz sentido no disco, mas parece morna demais comparando com o resto.
No todo, Charli entrega um disco sólido em sua estreia. De primeira, já percebemos sua escrita criativa e aguçada para refrões viciantes. Não atoa que ao longo de sua carreira escreveu grandes hits que foram para outros artistas, como “Same Old Love” para Selena Gomez e “Señorita” para Shawn Mendes e Camila Cabello. Outro destaque também para seu ouvido audacioso e único para produção de faixas, o que faz com que seu álbum não seja “apenas” mais um álbum pop.
Álbum: True Romance
Artista: CHARLI XCX
Data de lançamento: 12 de abril de 2013
Editora: Atlantic Records