São rimas desorientadas, tons introspetivos e um artista mais experiente e autoconsciente, que constituem Watching Movies With The Sound Off. Lançado em 2013, o álbum com setenta minutos, pode ser comparado com o espelho da alma de Mac Miller. São as glorificações no seu vício em drogas, as reflexões sobre a efemeridade da vida e, por vezes, a sua atitude autodepreciativa os temas que predominam Watching Movies With The Sound Off.

Rolling Stone

Contrariamente a Blue Side Park, Watching Movies With The Sound Off apresenta um lado mais sombrio do artista. Na sua primeira faixa, “The Star Room”, o jovem artista expõe a maneira como lida com a fama e com as drogas, assumindo o seu medo em estragar a sua vida por causa seus vícios. “Hallelujah, thank God I have a future/ Prayin´I don´t waste it gettin´ faded/ ´Causa I´m smokin ********* until I´m coughin´up tar”. Para além disto, assume que se sente preso na sua própria mente, o que lhe causa a sensação de estar num purgatório (But me, I’m still trapped inside my head/ It kinda feel like it’s a purgatory).

Em faixas como “I´m Not Real”, “I Am Who I Am”, “Objects In The Mirror”, “Red Dot Music”, “Watching Movies” e “Someone Like You”, o jovem artista desabafa sobre a sua batalha com as drogas. “Fucked up, can´t feel myself, work hard, might kill myself” . Na mesma medida, romantiza o seu vício por personificações com a imagem feminina.

“REMember”, por outro lado, é dedicada a Reuben Eli Mitrani – cujas iniciais estão em maiúsculas no título – um amigo de infância de Mac que faleceu um ano antes do lançamento do álbum. Por isso, tal como em “Someone Like You”, ao manter o tom intimista da discografia, o artista reflete sobre a efemeridade da vida (“There´s just a bunch of shit, I wish I could tell you, but/ This life move fast, I never knew that” em REMember) e mostra-se nostálgico com os tempos que ambos partilharam ao longo das suas vidas. Apenas seis das dezanove faixas apresentam videoclipe. Apesar destes não terem uma linha cronológica coerente e as suas edições serem amadoras, todos eles dão a sensação ao espetador de um mundo criado à base de efeitos de alucinogénios.

Watching Movies With The Sound Off é, desta forma, o reflexo de um jovem em crescimento, bem como dos seus medos e vícios. São setenta minutos de um trabalho coeso, cru, pessoal e distinto, que mostram o futuro promissor de Mac Miller. É certo dizer que, sem Watching Movies With The Sound Off, álbuns como The Divine Feminine nunca teriam sido produzidos.