Debaixo dos disfarces, há várias vertentes do Carnaval que, por vezes, ficam esquecidas. Por um lado, existe o sentimento de nostalgia de quem está longe de casa e da sua cultura. Por outro, há quem seja vítima do consumismo. Em Portugal, de norte a sul, a época festiva é vista de diversas formas.
Com o intuito de apresentar novas perspetivas aos nossos leitores, a nova rubrica da secção de Multimédia do ComUM traz um olhar criativo sintonizado com a prática jornalística. C Criativo é o espaço onde os colaboradores de Multimédia têm a oportunidade de explorar novas possibilidades técnicas e conceituais. Com uma periocidade mensal, os colaboradores desenvolvem um projeto criativo, de mãos dadas à reflexão crítica sobre um determinado assunto da atualidade.
Será que ninguém leva a mal? A produção de disfarces no exterior
Os disfarces de Carnaval são dispendiosos. No entanto, cerca de 80% são fabricados com materiais sintéticos baratos, como o poliéster, difíceis de reciclar e que não são biodegradáveis, por serem feitos de uma mistura de materiais como penas, cabelos sintéticos e peças de plástico. Pelo facto dessas fantasias serem geralmente usadas apenas uma vez por ano e logo de seguida descartadas, uma enorme quantidadede resíduos acaba por ser depositada em aterros sanitários.
É importante destacar que a maioria deste vestuário é produzido no exterior, nomeadamente na China, devido ao conhecido baixo custo da mão de obra característico deste mercado. No entanto, o trabalho infantil no país asiático tem se tornado uma questão cada vez mais preocupante, apesar da idade mínima para trabalhar ser de 16 anos. Estima-se que cerca de 7,7% das crianças entre os 10 e os 15 anos trabalham ilegalmente.
Para evitar fazer negócios com organizações que se envolvem em práticas ilegais, as empresas devem procurar uma maior transparência em toda a sua cadeia de fornecimento, desde a obtenção de matérias-primas até ao ponto de venda, bem como os processos de devolução de produtos e reciclagem.
Por Francisca Alves
O Carnaval como manifestação cultural
O Carnaval é uma das festas mais importantes do Brasil, mais conhecida pelos desfiles das escolas de Samba. Além de ser uma celebração que acarreta consigo muita história e cultura, marcada pela tradição, música, dança e disfarces, é também uma grande manifestação cultural.
“Por ser a terceira maior festa popular no mundo, o Carnaval brasileiro não teria como deixar de fora toda sua cultura. E as civilizações encontram nesses eventos uma maneira de expor e reforçar sua ancestralidade e cultura e também é uma forma de protestar contra políticos ou governo que muitas vezes são injustos e cruéis com o povo do país. Logo, no Carnaval do Brasil, tem música, dança, comida e toda alegria característica do povo brasileiro. Por isso, atrai tanta gente e se estende por dias a fim de contagiar os foliões a contar a sua história por meio dos blocos e das escolas de samba. Sem esquecer que o desfile das Escolas de Samba é considerado o maior espetáculo da Terra. Por isso, é importante levarmos para fora do Brasil essa tão importante manifestação cultural e política, além de levar também o que o povo brasileiro tem de mais importante, a felicidade e a alegria de viver, apesar de todas as dificuldades e desigualdades que vivenciamos.” As palavras pertencem a Ewerton Valverde, imigrante brasileiro em Portugal.
Em Portugal, a diversidade trazida pelos imigrantes é um fator de desenvolvimento cultural, económico e social que reforça a importância da harmonia e do entendimento entre os povos. Desta forma, a representação cultural do Carnaval brasileiro em Portugal é de extrema relevância para aqueles que se encontram longe da sua terra natal. É uma oportunidade para o imigrante matar as saudades do seu país de origem e ainda dar a conhecer as suas tradições culturais aos portugueses. É o exemplo do projeto Expressar que tem como objetivo promover e divulgar a cultura e que no dia de Carnaval, 21 de fevereiro, exibiu uma demonstração de dança samba e forró da Associação Forró de Braga no Nova Arcada.
Por Teresa Gomes