Chegou há cerca de um mês às telas dos cinemas dos portugueses, e tem sido alvo de apreciações diversas por parte da crítica. Desaparecida, nome original Missing, é uma curta-metragem estadunidense escrita e dirigida por Will Merrick e Nick Johnson, tendo sido baseada na história original de Sev Ohanian e Aneesh Chaganty.

O filme está interligado com outros dois, funcionado como uma espécie de sequência antológica de Searching, de 2019 e Run, de 2020. Fazem parte do elenco principal nomes como Storm Reid, conhecida especialmente pelo seu papel na série Euphoria da HBO, de 2019, Ken Leung, Amy Landecker, Daniel Henney, Nia Long, e ainda Joaquim Almeida, um dos atores portugueses mais aclamados em Hollywood.

A trama conta-nos a história de June (Storm Reid), uma jovem adolescente que decide procurar a sua mãe (Nia Long) após esta ter desaparecido nas férias com o namorado na Colômbia. A milhares de quilómetros de distância do ocorrido, June faz uso de todas as tecnologias que tem disponível para desvendar o misterioso caso, e decifrar o paradeiro de Grace. À medida que o filme se desenrola surgem dúvidas e suspeitas que invadem a consciência de June, mas que acabam por se revelar fundamentais para o desfecho da narrativa.

O próprio formato da obra cinematográfica, que Merrick e Johnson decidiram trazer ao público, revela-se intrigante e desafiadora. Apesar de inusitado, não é algo novo, ou nunca antes visto. Desaparecida é gravado, a maior parte do tempo, a partir do computador da personagem principal, entre vários formatos e com diversas aplicações.

Existem já alguns filmes, sobretudo do género de suspense e terror, que adotaram esta técnica criativa de storytelling, com o objetivo de tornar a curta-metragem autêntica e o mais aproximada à realidade possível. O mesmo verifica-se nesta obra. No entanto, pode também limitar a história e o próprio desenlace dos personagens, tornando-os fechados e pouco surpreendentes à medida que os conhecemos.

Apesar destes pontos fulcrais e consideráveis que poderiam facilmente tornar-se num impasse, ao vermos o filme percebemos que tal não se sucede, principalmente por conta da atuação dos atores. O roteiro de Missing entrega uma relação entre mãe e filha multifacetada e bem trabalhada, que nos faz perceber, em poucos minutos, as razões da dinâmica e vínculo entre as duas.

À medida que os segredos são desvendados, e o mistério parece acabar, surgem cada vez mais questões relativas à trama principal, que nos faz não querer perder qualquer pormenor ou detalhe. É-nos dada a ilusão que estamos continuamente um passo à frente dos próprios personagens, tornando o filme surpreendentemente aditivo. Para além do tema principal, é abordado, ao longo da obra, outros pontos importantes, inclusive da atualidade, como a segurança digital.

O que Will Merrick e Nick Johnson nos apresentam é um verdadeiro mistério assertivo, tendo em conta os recursos técnicos utilizados. Difere um pouco da generalidade que nos chega aos ecrãs diariamente.  Desaparecida é leve. É emocionante. É promissor.