A data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1977, apesar de já ser celebrada desde 1975.

O Dia Internacional da Mulher celebra-se esta quarta-feira, dia 8 de março. O objetivo da data prende-se com a celebração dos direitos das mulheres já conseguidos, a par do caminho a ser percorrido para a igualdade de género.

Ao longo da história mundial, o papel da mulher tem sofrido alterações. No entanto, ainda existem países onde o sexo feminino carece de direitos. Em Portugal, a mulher também teve de lutar pelos seus direitos e derrubar barreiras, que se viam como inalcançáveis. Durante o Estado Novo de Salazar, alguns dos direitos já adquiridos foram esquecidos ou até mesmo abolidos.

Contudo, a história nacional está repleta de mulheres pioneiras na reivindicação dos seus direitos. Desde a ciência, a literatura, a engenharia, a cultura até ao desporto foram várias as percussoras pela igualdade entre homens e mulheres. O ComUM reuniu alguns exemplos de figuras que impulsionaram a luta feminista nas diferentes áreas.

Adelaide Cabete – médica

Adelaide Cabete foi uma das personalidades mais relevantes pelas suas campanhas a favor dos direitos das mulheres. Desde sempre os relatos contam que a sua determinação era inabalável e que aprendeu a ler e a escrever sozinha.

Numa época em que estudar era impensável para as mulheres, Adelaide Cabete formou-se em Obstetrícia. Foi uma das primeiras académicas do país e destacou-se ainda como uma das fundadoras e presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, onde lutou pelos direitos das mulheres grávidas.

Carolina Beatriz Angelo – médica

Carolina Beatriz Angelo, médica e feminista, foi a primeira a conseguir o acesso ao voto. Em 1911, a lei estipulava que apenas o chefe de família, sendo maior de 21 anos e alfabetizado, podia votar. Estar viúva permitiu a esta mulher participar nas eleições da Assembleia Constituinte.

No entanto, o ato levou à promulgação dessa lei, dois anos mais tarde. Foi feita uma correção que declarava que ‘chefe de família’ se referia apenas a homens. Ainda assim, constituiu uma chamada de atenção para a desigualdade de género dos sistemas eleitorais da época. Desse modo, Beatriz Angelo tornou-se no mote pela luta pelo sufrágio.

 

Regina Quintanilha – advogada

Regina Quintanilha foi a primeira mulher a completar o curso de advocacia, tornando-se na primeira a exercer a profissão. Depois de terminar o curso, com 20 anos, foi convidada para reitora do Liceu Feminino de Coimbra, que acabara de ser criado. Porém, recusou, uma vez que as suas ambições passavam por exercer advocacia, objetivo que não lhe era permitido. Em 1913, conseguiu a autorização do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e passou a advogar.

Lourdes Sá Teixeira – aviadora

Na aviação, Lourdes Sá Teixeira foi pioneira enquanto pilota, profissão altamente dominada pelos homens. Para isso, viu-se obrigada a revoltar-se contra os pais.

O seu interesse, a determinação e a luta da jovem para desafiar as probabilidades inspiraram o seu instrutor. Este usou todos os recursos possíveis para instruí-la, e ajudou-a a dar um passo muito significativo na promoção de igualdade entre homens e mulheres.

Isabel Rilvas – enfermeira paraquedista

Ainda muito jovem, Isabel Rilvas saltou de paraquedas, em 1935. O ato foi inédito não só em território nacional, mas também em toda a Península Ibérica.

A sua luta pelos direitos iguais entre géneros não parou por ali e somaram-se vários feitos. Entre eles, o facto de impulsionar o esquadrão das Enfermeiras Paraquedistas a enfrentarem os males da guerra em África.

Maria Amélia Chaves – engenheira civil

Maria Amélia Chaves foi a primeira mulher a entrar no mundo da engenharia, que era reservado apenas a homens. Licenciou-se em 1937 em Engenharia Civil e conseguiu inscrição na Ordem dos Engenheiros no ano seguinte.

Esta entrada num mundo masculino teve influência do pai, que era engenheiro militar, e também pelo seu gosto pela construção. Na sua carreira, desenvolveu projetos de prisões, nos quais se evidenciavam preocupações com as ações sísmicas.

Celeste Mousaco – polícia

Sem perceber bem o passo que estava a dar no paradigma nacional, por uma luta de direitos femininos, Celeste concorreu ao recrutamento policial, de maneira a ter uma obrigação de sair de casa. O marido não recebeu bem esta decisão, mas a experiência do vizinho na profissão fez com que aceitasse melhor a determinação da esposa.

O seu grupo de colegas ultrapassou as exigências físicas da Força Policial, e enfrentaram o desconhecido até então. Conseguiu ficar, mas nem sempre foi aceite no cargo. Ouviu coisas que lhe custaram, porém conseguiu orgulhar-se da sua conquista e da farda que vestiu até aos 60 anos.

Maria José Estanco – arquiteta

No mundo das artes, Maria José Estanco conseguiu marcar o seu nome na história portuguesa na luta pela igualdade de género. Em 1942, tornou-se na primeira arquiteta, depois de concluir o curso.

Por ser mulher, viu a sua entrada em ateliers de arquitetura ser barrada. Assim, decidiu enveredar pelo mundo da decoração de interiores e da criação de móveis. Contudo, ainda foi professora de desenho e de pintura, sem qualquer vencimento, no Estabelecimento Prisional do Linhó. Como ativista ainda pertenceu ao Movimento Democrático das Mulheres (MDM) e lutou pelos direitos iguais.

Maria de Lourdes Pintassilgo primeira-ministra

Até à data, Maria Pintassilgo fez o que nenhuma outra mulher conseguiu. Foi a primeira e única mulher a desempenhar o cargo de primeira-ministra, em Portugal. Chefiou, assim, o V Governo Constitucional e esteve em funções de julho de 1979 a janeiro de 1980. Ao mesmo tempo, tornou-se na segunda mulher na Europa a desempenhar estas funções.

Antes deste passo na história, já havia feito um outro, ao licenciar-se em Engenharia Químico-Industrial. Nesta época eram poucas as mulheres que enveredavam pela área da engenharia e Maria Pintassilgo foi uma das três mulheres nas 250 vagas disponíveis para o curso.

Rosa Mota – Atleta

No desporto, as mulheres também tiveram que batalhar e correr contra o machismo. Rosa Mota é a cara do sucesso feminino, mas também masculino de todo um país. As primeiras a irem aos Jogos Olímpicos foram Dália Cunha, Natália Cunha e Laura Amorim. No entanto, a atleta foi o expoente máximo de Portugal nesta competição.

Em 1984, nos Jogos de Los Angeles, Rosa Mota foi a primeira mulher a ganhar uma medalha, a de bronze. Logo no jogos seguintes, chegou mesmo ao primeiro lugar da competição na Maratona, além de ter conseguido o segundo ouro da história nacional. A esta atleta juntaram-se as medalhadas Fernanda Ribeiro, Vanessa Fernandes, Telma Monteiro e Patrícia Manona na conquista de medalhas na competição.

DR