Data é comemorada anualmente a 1 de março.

Face às mudanças que o mundo atravessa, a Proteção Civil tem assumido um papel particularmente expressivo na salvaguarda da vida das populações. Em entrevista ao ComUM, Vítor Azevedo, coordenador municipal da Proteção Civil de Braga, alerta para a importância da promoção de uma cultura de segurança.

A Proteção Civil de Braga “é uma estrutura que garante a articulação entre várias entidades”. Trata-se de uma unidade focada na prevenção, dando “apoio logístico” aos operacionais, quer a nível de alimentação como através de meios complementares no terreno, sem descurar o grande investimento que tem sido feito na Proteção Civil Municipal e que permite uma atuação mais direta no terreno, sempre com o foco na prevenção.

Com um percurso nunca desligado da área da Proteção Civil, Vítor Azevedo desempenhou funções na autoridade nacional e anteriormente como comandante de bombeiros antes de ingressar no atual cargo. O responsável salienta a importância da cooperação entre as diversas entidades no contexto operacional. “Temos parceria com o regimento de cavalaria 6 que fazem vigilância na zona do Bom Jesus e Sameiro, a par dos bombeiros, da polícia municipal, das unidades locais de proteção civil, dos Sapadores Florestais e da própria Proteção Civil Municipal”, garantindo vigilância florestal permanente em complemento ao dispositivo nacional a cargo da GNR.

Em 2022, registaram-se 46 ocorrências de incêndios em Braga, para um total de cerca de 50 hectares ardidos. Vítor Azevedo afirma que “foi um ano que correu bem mas que implica um grande investimento municipal”, nomeadamente através da aquisição e reforço de meios materiais e humanos. “Braga tem, para além dos seus meios próprios, protocolos com a Associação Florestal do Cávado e Bombeiros Voluntários, para o funcionamento de 2 equipas de sapadores florestais e 2 equipas de intervenção permanente respetivamente, num investimento superior a 150 mil euros anuais”, relata. Para além disso, aponta para a importância de um trabalho conjunto. “Só em conjugação de esforços e trabalho de equipa se consegue ter sucesso”.

De acordo com o dirigente, cerca de “40% dos incêndios têm origem em queimas descontroladas. Continuamos a ter muitos registos de queimas e não é fácil mudar mentalidades”, confessa. Existem atualmente várias soluções, como o biotriturador, que “se as pessoas aderissem de forma significativa, teoricamente conseguiríamos reduzir o número de incêndios para mais de metade”, diz Vítor Azevedo, “Este é um serviço gratuito em que as pessoas só têm de entrar em contacto connosco e nós tratamos do resto, sem qualquer custo”.

Ao contrário de outros países, como o Japão, em Portugal “não há cultura de segurança. As pessoas dão mais importância a outras coisas que à segurança” lamenta o coordenador municipal da Proteção Civil. “Continuamos a ter falta de limpeza, a ter que notificar proprietários para fazer limpeza. Seria de supor que depois dos incêndios de 2017 os proprietários florestais tivessem mais cuidado”. No ano de 2017, Braga queimou mil hectares em tempo recorde.

Na prevenção de catástrofes naturais, a Proteção Civil tem identificada uma série de meios e recursos úteis nessas situações, como máquinas retroescavadoras, equipas de busca e salvamento, e infraestruturas de apoio. Ao nível do concelho existem, por exemplo, pavilhões identificados por tipologia e características, ao nível da climatização, para que, em “caso de necessidade, a população possa ser evacuada para um local resguardado”. “Estamos preparados para responder às necessidades decorrentes dos riscos existentes no concelho”, admite Vítor Azevedo.