Uma dádiva de sangue pode ajudar a salvar até três vidas e leva em média 30 minutos.

O Dia Nacional do Dador de Sangue assinala-se esta segunda-feira, dia 27 de março. A data pretende homenagear aqueles que efetuam as dádivas benévolas em benefício dos doentes, evidenciar o valor social e humano deste ato voluntário de generosidade e estimular a sua prática.

O sangue funciona como um transportador de substâncias importantes para o funcionamento do nosso corpo. Como não pode ser produzido de forma artificial, os hospitais e os doentes estão dependentes da disponibilidade dos dadores de sangue. O ComUM falou com duas gerações diferentes: Mário André Martins com 62 anos e Maria Mesquita com 21.

Mário Martins já realizou ao longo da vida 82 dádivas e conta atualmente com três medalhas de condecoração de dador de sangue. “Comecei a ser dador por volta dos 20 anos, fiz uma pausa e a partir dos 30 doei sempre”, afirmou Mário. “Só parei há 5 anos devido a um AVC que me impossibilitou de voltar”, continuou. Enquanto bombeiro, sempre soube que o seu estilo de vida era “ajudar os outros” e lembrou que na época que iniciou as doações decorria “uma grande crise nos bancos de sangue em Portugal” que o levou a experimentar pela primeira vez.

Igualmente, para a estudante de Serviço Social da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Maria Mesquita, doar “não é uma obrigação ou um dever, mas fica na consciência de cada um”. A jovem iniciou as doações em 2020, durante o período da pandemia de COVID-19, altura em que apareceram “vários apelos a relatar a grande falência de sangue nos bancos”.

Maria Mesquita destacou a importância dos meios de informação para a consciencialização da população, afirmando que “a falta de conhecimento leva muitas vezes à falta de ação”. Da mesma forma, Mário Martins acredita que “se explicassem às pessoas como é o processo de doar sangue, haveria mais doações”. Além disso, aponta as “benesses” por parte do Estado como forte fator na decisão da população para doar. Antigamente, a legislação “beneficiava quem ia doar em relação às taxas moderadoras”, mas com a alteração das leis “muitas pessoas abandonaram as dádivas”.

Ambos os dadores aconselham a procura de informação acerca das condições e restrições já que, de acordo com Mário Martins, “não é qualquer pessoa que pode doar”.  Como condições fundamentais para ser dador, o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) aponta as pessoas com idade compreendida entre os 18 e os 65 anos, em bom estado de saúde, com hábitos de vida saudáveis e peso igual ou superior a 50kg.

Relativamente aos hábitos daqueles que estão, no dia a dia, à sua volta, Maria Mesquita apela à dádiva junto dos familiares e amigos, mas “nem sempre é fácil”. Como causas principais estão “falta de tempo” e “fobia a agulhas”. Já Mário Martins, conseguiu influenciar positivamente a vida da filha. “Ela quis ir dar sangue por vontade própria, seguiu os meus passos e deixou-me muito contente com o ato”, partilhou.

No dia da transfusão, os potenciais dadores não devem estar em jejum ou num período de digestão. A dádiva de sangue pode ser realizada de quatro em quatro meses pelas mulheres e de três em três meses pelos homens.