As especificidades do plano estão a ser trabalhadas por um grupo de técnicos da área.
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, anunciou esta quarta-feira a criação de um plano de saúde mental direcionado ao Ensino Superior. A iniciativa visa intervir na melhoria da saúde mental dos universitários, depois do “agravamento das queixas” relativas às condições psicológicas.
Manuel Pizarro participou no I Encontro “Pausa Para a Saúde Mental: Uma reflexão no Ensino Superior” que tomou lugar na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde o plano foi discutido. “Estamos muito atentos àquilo que são as múltiplas queixas que as gerações mais jovens, incluindo os estudantes de ensino superior, têm feito em relação ao estado mental”, por eles percecionado “de forma ainda mais violenta”, declarou.
O ministro associou o deterioramento mental dos jovens a terem “saído da pandemia para um mundo marcado pela instabilidade causada pela guerra, com todas as consequências sociais, económicas, políticas”. Reconheceu o “agravamento das queixas no domínio da saúde mental entre os mais jovens”. Contudo, destacou o facto de “haver menos estigmas. As gerações mais jovens verbalizam mais esta queixa do que era habitual na sociedade portuguesa e esse aspeto, apesar de tudo, é importante”.
“Embora o sistema de saúde tenha o seu papel nesta resposta”, o governante defendeu que os jovens precisam da ajuda da comunidade. “Muitas destas queixas são, felizmente, de menor gravidade clínica e têm de ser tratadas com proximidade e solidariedade”, constatou. Assim, considera “muito útil que, entre as instituições de ensino superior, o ministério que o tutela, o ministério da Saúde e o Serviço Nacional de Saúde (SNS), com o envolvimento dos próprios jovens e das suas associações, fosse criado um plano global de intervenção para os problemas no ensino superior”.
O secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, confirmou a criação de um grupo técnico com orientações e recomendações na criação do plano nacional de saúde mental universitário, de modo a averiguar “a forma mais eficaz de atuar nesta área”. “Pedimos alguma urgência para que nos entregassem os resultados até maio ou junho, para que possamos avançar rapidamente”, acrescentou.
A sessão de abertura contou também com a presença do diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Rui Tato Marinho, que sublinhou a sua preocupação pelos alunos e profissionais de saúde mental. “Os doentes existem, são cada vez mais e mais complexos. Se eu não tiver profissionais de saúde com bem-estar, com as vidas equilibradas, com segurança psicológica vai ser muito difícil assegurar um sistema de saúde público e privado em condições e com qualidade. Por isso, a minha principal preocupação é dar instrumentos de segurança psicológica aos vários profissionais”, frisou.