Movimento apresenta-se contra o assédio sexual em contexto de Tunas.
O movimento Música (Con)Sentimento surgiu recentemente, fundado por Ana Marques e cofundado por Matilde Bravo, com a premissa de educar e informar sobre assédio sexual em contextos de Tuna. Em entrevista ao ComUM, as duas fundadoras explicam as razões que motivaram à criação do movimento, bem como os principais objetivos e reações no meio académico e cultural.
Música (Con)Sentimento foi criada a partir “de situações que surgiram ao longo do ano” testemunhadas por Ana Marques, participante na Tuna de Medicina da Universidade do Minho, onde foi também magíster durante o período de um ano e meio. Agora, estudante na Universidade do Porto, percebe que “é um problema constante, independentemente da universidade” e de ser uma “tuna feminina, masculina ou mista”. A estudante realçou ainda que “uma tuna é muito diferente de um contexto de um Enterro da Gata ou Receção ao Caloiro”, sendo esses os motivos que catapultaram o movimento.
Neste sentido, Ana Marques afirma que os objetivos do projeto passam por “intervir de uma forma educativa, explicando o que são comportamentos de assédio e desmitificando algumas questões”. Com a Música (Con)sentimento pretende-se ainda a criação de regulamentos para tunas e festivais de modo a prevenir que casos do género aconteçam. Os objetivos vão ser concretizados através de palestras promovidas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), e a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), com destaque para ações na Universidade do Minho e a Universidade do Porto. Para além disso, as redes sociais e inquéritos sobre são outra forma de realçar a ideia de este se trata de “ um problema real”.
Ana Marques sente que em contexto cultural e de tunas existe algum “atrito” nas reações dos participantes da tuna, apesar do vasto apoio que têm sentido, especialmente com tunas masculinas. Já Matilde Bravo justifica que “esse atrito vem de não identificarem assédio como sendo assédio e não reconhecerem a própria definição de assédio”.
Para as fundadoras da Música (Con)sentimento, o movimento não pretende acabar com o “álcool nas festas, praxe nas tunas, nem que deixe de haver a festa académica que são os festivais de tuna”. No entanto, luta para que esses locais e essas festas sejam “um local confortável para qualquer pessoa”. Música (Con)sentimento deixa ainda mensagem de que o seu intuito não é “dar um mau nome às tunas,” mas “tentar restaurar a confiança que temos uns nos outros”, proporcionando momentos de lazer e divertimento mútuo em contexto cultural.