O público do gnration foi acalmado pela música tocada nas duas horas e meia de concerto. 

O gnration recebeu no sábado, 24 de março, a dupla de músicos canadianos Owen Pallet e The Hidden Cameras. Os artistas juntaram-se numa digressão para celebrar o 20º aniversário do álbum The Smell of our Own (2003).

A blackbox ainda estava a encher quando Joel Gibb, vocalista dos The Hidden Cameras, começou a sua atuação. No início, apresentava-se apenas com a sua guitarra elétrica, um drum bass e dois pedais. Tocou algumas músicas num estilo mais calmo, envolvendo algum folk e algum espírito rock&roll. De seguida, começou a utilizar mais o bass drum, tocando músicas repletas de ritmo e energia. Inclusive, foram utilizados backing tracks num tom orquestral, que se refletiu num ambiente mais envolvente na sala. O músico recorreu ainda a instrumentos mais incomuns: sinos e até mesmo tubos, de forma a reproduzir o som do vento. Joel fez chegar ao público que os últimos foram comprados no próprio dia, por dois euros e 30 cêntimos. Esta mudança instrumental mudou o género de música que era tocado, com sons que se inclinavam mais para o disco e pop alternativo.

Apesar de o público ser calado e calmo, o vocalista tentou criar interações, ao ensinar harmonias, de forma à audiência repeti-las. A resposta foi tímida, mas o público parecia reconhecer o esforço de quem estava em cima do palco.

Após ter tocado um alinhamento de quase uma hora a solo, o canadiano foi acompanhado pelo compatriota Owen Pallet. O virtuoso violinista deu algo de muito diferente ao espetáculo. A adição do violino trouxe uma camada que mudou a textura da música que se ouvia em Braga. Entre o dedilhar e o arco, ficou bem demonstrada a razão pelo enorme sucesso de Pallet enquanto violinista, e não só. Tocaram durante cerca de 45 minutos e de seguida ambos saíram do palco.

Só voltaria Owen Pallet, com o violino e uma guitarra acústica à sua espera. O público olhava de forma hipnotizante para o artista que, com um violino, uma guitarra, um pedal de loop e a sua voz, encantava a resiliente audiência bracarense. O aviso foi dado: tocaria umas canções melacólicas e sairia- e assim foi. Demonstrou que, apesar de achar a guitarra um “instrumento aborrecido”, consegue dominar várias cordas. A sensação era de leveza. Algumas pessoas aproveitaram para se sentarem e apreciarem o espetáculo.

Face a uma back track de pássaros que foi ouvida antes de uma música, o canadiano explicou: “esta música é muito difícil e utilizo os pássaros para me acalmar”. A retribuição foi merecida, pois com certeza todos os membros da audiência foram acalmados pela música tocada nas duas horas e meia de concerto.