O painel foi moderado por Luís Santos, professor de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho.
As XXV Jornadas da Comunicação tiveram início esta terça-feira, dia 14 de março e foram promovidas pelo Grupo de Alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho (GACCUM). O painel do evento debruçou-se no tema “Inteligência Artificial na Comunicação: ameaça ou oportunidade?” e contou com os oradores convidados Rui Lopes, Karla Pequenino, Jorge Mateus e João Ribeiro.
O debate iniciou-se com o CEO da AgentifAI, Rui Lopes, que abordou as questões de regulamentação e segurança na inteligência artificial (AI). Segundo o orador, “ainda há um caminho a ser feito na regulamentação desta área”, uma vez que os Estados e os Governos “têm de criar o ambiente certo”. No entanto, a União Europeia (UE) “tem dado passos positivos na legislação e no melhoramento dos mecanismos de controlo”.
De seguida, questionado acerca dos pontos positivos e negativos das ferramentas de AI, Jorge Mateus, Investigador de Doutoramento ligado à Ética, Política e Sociedade, respondeu: “nem tudo se resume a este cálculo de vantagens e desvantagens”. “Muitas vezes, tentamos fazer um balanço ético, mas não retiramos uma conclusão sólida”, continuou. Na opinião do convidado, o desafio está no facto de que “a tecnologia não é neutra” e, dessa forma, “nem sempre conseguimos controlar o monstro que lançamos ao mundo”.
De acordo com Rui Lopes, a própria tecnologia tida como básica “pode ser usada para algo bom ou mau”. No entanto, cabe aos “melhores profissionais” usarem as ferramentas a seu favor e para o bem.
Já para a jornalista de tecnologia no Publico, Karla Pequenino, é importante olhar para estas ferramentas “com curiosidade e sobretudo desmistificar isso da cabeça das pessoas”. A profissional considera-se “mais otimista” em relação à evolução da inteligência artificial, considerando que “tem muitas coisas boas”. No mesmo assunto, a convidada destaca o “chat GPT” como uma mais-valia, dizendo que “é um sistema estatístico completamente diferente da inteligência humana, no entanto pode ser uma ajuda extra”.
Relativamente à empregabilidade em Portugal, João Ribeiro, enquanto jornalista e designer, afirmou que os designers “nunca vão ser substituídos”. Isto porque, segundo o mesmo isso “não é uma realidade, nem seria possível deixar os humanos de lado”. Como exemplo, referiu: “não existe inteligência artificial nas redações dos jornais, no entanto também despedem pessoas”.
Para o jornalista e designer, não se devem utilizar massivamente plataformas como o chat GPT, especialmente no jornalismo que é “uma profissão humana e muito humana”. Do mesmo modo, Karla Pequenino concluiu que os humanos têm “o lado criativo que uma máquina não pode replicar”, por isso “não somos iguais às ferramentas da inteligência artificial” e, no final do dia, “somos nós que as desenvolvemos”.