A artista partilhou as histórias por trás de cada música do novo disco.
A fadista Carminho trouxe o mais recente disco, A Portuguesa, ao Theatro Circo, em Braga, esta sexta-feira. Um trabalho marcado pelas referências do fado com que cresceu e pelas pessoas que a fizeram tornar-se na artista que é hoje.
A sala minhota acolheu Carminho desde o primeiro minuto com longos aplausos e uma receção calorosa. Com uma apresentação simples, mas impactante, a fadista cumprimentou aquela que considera a “sala mais bonita de Portugal”. Partilhou a emoção de voltar a um palco onde já foi feliz e poder continuar a trazer história à cidade de Braga. A acompanhá-la estavam cinco músicos, que completavam a voz de Carminho com a viola de fado, o baixo acústico, a guitarra portuguesa e as guitarras elétricas.
‘A Portuguesa’ distingue-se de álbuns anteriores por ser “mais consciente” e por trazer de volta costumes “dos antigos”. A artista contou que reflete aquilo que aprendeu com a mãe, também ela fadista, além de vários nomes do fado e da poesia portuguesa, com quem pôde cantar, em tempos, na casa de fados que frequentava.
Ao longo do serão, visitou a marcha popular de Alcântara, de 1969. “Um lado do fado que me encanta”, afirmou. O público acompanhou a sua voz com palmas ritmadas. Em cada canção, uma história. “Imaginem uma mulher à beira do mar sozinha porque o seu amor partiu para o mar”, assim continuou o espetáculo, mantendo uma ligação próxima com a plateia.
Relembrou também Beatriz da Conceição, fadista que a influenciou a “praticar o fado”. Numa caixa de memórias que lhe deixou de herança, Carminho encontrou um poema de Manuel Alegre, ao qual decidiu dar vida – a “tristeza portuguesa” tão “irónica” e “tão nossa”.
Interpretou ‘Sentas-te a meu lado’, tema de Luísa Sobral, que assegurou que todos os presentes iam perceber. De uma forma “direta e afiada”, conta a história de alguém que está presente de corpo, mas longe de mente.
Quase a despedir-se, cantou ‘Levar o barco no mar’, que retrata a “união entre duas culturas”. “Deixar que os dias sejam a reposta do dia anterior” é o mote desta música, contou a artista, que puxou pelo público para que cantasse com ela. Tocou guitarra elétrica na canção ‘Estrelas’, um tema que a lembra das pessoas que gostam dela tal como é.
“O fado é amor”, disse. Confessou que a sensação de cantar a lembra da necessidade e vitalidade do fado na vida das pessoas, que observava na Casa de Fados. Citando as palavras do pai, afirmou que “não é só fadista quem canta e quem toca, mas também quem sabe ouvir”. Foi dessa forma que agradeceu a “generosidade” de quem se “presta a ouvir”. “Sinto-me muito honrada por estar neste palco”, despediu-se.