O alerta para a preservação do planeta é feito em mais de 190 países.

O Dia Mundial da Terra é celebrado hoje, dia 22 de abril, e visa promover uma maior consciencialização para a urgência e necessidade de preservar os recursos naturais do planeta. O dia é celebrado desde 1970, porém, a cada ano que passa este torna-se mais importante e é utilizado por muitos para relembrar a população mundial da questão das alterações climáticas.

Em entrevista ao ComUM, a professora na Universidade do Minho, Anabela Carvalho, defende que todas os temas abordados hoje “são questões que nos deviam comprometer todos os dias do ano”. As alterações climáticas atravessam a vida de todos de forma recorrente e a sustentabilidade ambiental e ecológica são, com certeza, termos a permanecer nos próximos séculos, afirma a professora.

O Dia Mundial da Terra é globalmente reconhecido como um dia de ação na mudança do comportamento humano e das políticas globais, nacionais e locais. Enquanto muitos já não vêm resultados com este tipo de mobilidade, Anabela Carvalho refere que “não podemos ter a ingenuidade de pensar que uma campanha vai mudar muita coisa”, mas “isto não nos deve fazer desistir”. A docente afirma que, apesar das “temperaturas mais elevadas, ondas de calor e todo um conjunto de alterações”, esta é uma “uma questão multidimensional e multissistémica”. Assim, há políticas a implementar e mudanças que ainda podemos alcançar coletivamente.

Tanto as grandes empresas como instituições e governos podem trabalhar em conjunto para conseguir atingir uma maior sustentabilidade. No entanto, a extração de combustíveis fósseis continua a ser um problema, principalmente em países como a China e os Estados Unidos, e é difícil de fazer uma transação para energia renovável quando temos “sociedades altamente exigentes em termos de demanda de energia”, aponta Anabela Carvalho. A literacia é considerada pela professora universitária um ponto fundamental na consciencialização da camada mais jovem, mas esta tem sido pouco eficaz. A educação ambiental é “muito focalizada nas pequenas ações, mas isso não chega” e é necessária uma “intervenção mais coletiva”, apelando a um envolvimento político, social e ativista.

A Universidade do Minho tem uma política de sustentabilidade, englobando uma administração, gestão e operação da instituição que promove uma ação educativa e realiza atividades de investigação no âmbito dos desafios globais. O Instituto das Ciências Sociais (ICS) desenvolve projetos de investigação com questões como o impacto incendiário no ambiente, o impacto das alterações climáticas no turismo do Norte, entre outras. A acrescentar, a investigadora refere que neste ano letivo “a presidência [do ICS] decidiu assumir a temática das alterações climáticas como uma área privilegiada de atenção”, sendo que o dia do instituto incidiu sobre isso e teve uma variedade de intervenções.

No Dia Mundial da Terra de 2023, Anabela Carvalho salienta que devemos “pensar em cada um de nós como um agente de mudança, não apenas individual, mas social”. Considera, portanto, que este conjunto de problemáticas é a razão pela qual este dia deve ser celebrado e deve permitir que a preocupação com o planeta atravesse o quotidiano de todos. Talvez não seja um dia que consegue reunir todos os anos de abuso ambiental, mas é um dia utilizado para promover uma maior intervenção na luta pela sustentabilidade.