A data é assinalada com atividades que promovem a proteção do animal em laboratório.
O Dia Mundial do Animal de Laboratório celebra-se hoje, dia 24 de abril. Celebrado desde 1979, foi criado pela Sociedade Nacional Anti-Vivissecção, com o objetivo de “dar voz e vida aos animais que são utilizados em testes de laboratório por todo o mundo, sofrendo torturas arcaicas por fins comerciais, industriais, científicos e académicos”.
O animal de laboratório torna-se uma cobaia científica para o teste de diferentes medicamentos, cosméticos ou até produtos de limpeza, podendo o seu processo variar de acordo com os objetivos e campo de estudo. Os animais predominantes na exploração animal são porquinhos-da-índia, camundongos, coelhos e macacos podendo ainda recorrer a animais como porcos, cães ou baratas. Só em Portugal, são anualmente usados cerca de 35 mil animais para condução de experiências.
A fiscalização é um dos principais problemas da condução de experiências animais que, na sua maioria, não são acompanhados por comités que controlem como e por quanto tempo são conduzidas as experiências. Os cientistas defendem que os animais são imprescindíveis no teste de novos fármacos e produtos necessários nos mercados. Garantem ainda que seguem um protocolo de ética que visa o bem estar dos seus animais.
As organizações e associações de defesa do direito animal afirmam que muitos dos estudos são ineficazes e que os animais têm direitos a ser respeitados com a liberdade de viverem livremente nos seus habitats naturais ou em condições acomodadas se forem domesticados. Uma das campanhas mais conhecidas é uma produzida pela The Humane Society of the United States, uma das principais associações de defesa do direito animal nos Estados Unidos da América.
O ativismo pelo direito animal é das principais vozes que trazem a problemática dos animais em laboratório. Sara Mendes é ativista pelos direitos dos animais e procura praticar uma vida que vise a proteção do animal, através do uso de produtos que não são testados em animais. Em conversa com o ComUM, conta que apoia causas que prestam auxílio e resgatam animais, como a SOS animal e ANIMAL.
Sara sente que o uso animal em meio científico por falta de opção não faz sentido. “Na indústria da cosmética, a que mais compromete vidas animais – principalmente de coelhos –, tem havido um recuo na utilização de animais, pois os avanços tecnológicos e o maior conhecimento sobre o efeito de componentes químicos tem permitido a isso. Quando estamos perante marcas baratas como a Pss… e a essence que promovem produtos cruetly free, é um indicador de que a ciência nem sempre precisa deles”.
A ativista refere que os cientistas de cosméticos violam muitas vezes os direitos animais, mas salienta que os de outros ramos procuram atualmente um maior cuidado. “Os animais são, muitas vezes, vistos como brinquedos, em laboratórios de cosmética. Pensam que podem fazer-lhes tudo sem qualquer consequência”, afirma Sara.
Contudo, acredita que esta realidade está a mudar, no sentido em que “atualmente se zela pelos direitos, havendo mesmo uma relação de proximidade entre cientista e animal”. A ativista aponta os cientistas da área da Biologia, “que têm cada vez ficado mais conscientes dos abusos animais e reduzido esses fatores em seus laboratórios”.
A ativista discute ainda que algumas soluções possíveis para a diminuição da agressão científica em animais seria “no caso da coméstica, promover produtos vegan e não testados em animais e condenar os testes nesses mesmos”. Já no meio tecnológico, considera que “os animais não deveriam ser escravizados para míseras coisas que um computador consegue prever”.