Dirigido por Matt Ruskin, Estrangulador de Boston estreou em março de 2023, na Hulu. A obra cinematográfica segue a história verídica do assassino que assombrou não só as ruas de Boston, como todo o país, na década de 60.

Como tal, o enredo tenta expor todo o processo criminal à volta deste e das suas 13 vítimas. Contudo, acompanha mais de perto a vida de Loretta McLaughlin (Keira Knightley), jornalista que, após muita insistência, começa a redigir todas as notícias à volta do caso, ao lado da sua colega Jean Cole (Carrie Coon).

Em primeira instância, foi Loretta quem interligou as primeiras mortes que foram despontando e que seguiam o mesmo padrão – uma meia calça em volta do pescoço das vítimas. Mais tarde, ambas começaram a trabalhar, com a colaboração uma da outra no caso e, juntas, apelidaram o tão temido “estrangulador de Boston”. É, portanto, através das palavras destas, que conhecemos o caso, os suspeitos e as teorias.

Esta longa-metragem surge quase como uma nova visão do caso. Seria o Boston Strangler apenas uma pessoa ou uma criação da mente coletiva? São as duas jornalistas femininas que tentam responder a estas perguntas e que surgem em contradição à polícia de Boston que não se mostrava motivada em investigar a fundo o caso.

Este filme vai, portanto, muito mais além do que contar a história das mulheres que sucumbiram nas mãos deste monstro. Caracteriza a maneira como a figura feminina era vista na época e as dificuldades que atravessava para alcançar posições num mundo machista.

A paleta de cores frias, os tons escuros e frios, presentes no filme, oferecem uma carga mais dramática à narrativa, no entanto, não o suficiente. Numa obra cinematográfica onde se esperava mais dramatismo, intensidade e crueza, o argumento de Matt Ruskin, deixa um pouco a desejar. Não se observa uma narrativa brutal e crua, numa história que assim o pedia. Por outro lado, vemos Keira Knightley a interpretar, na perfeição, o seu papel, como já era de esperar, uma vez que é característico a sua brilhante atuação em filmes de época.

Em geral, não há muitos aspetos exuberantes a salientar deste filme, a banda sonora é um tanto monótona, a falta de emoção na narrativa e, consequentemente, nas cenas em que se esperava perturbação, culminam para um grande desinteresse por parte do espectador. O que consegue prender quem está do outro lado do ecrã é o desejo por desvendar o mistério e perceber onde e como termina este caso que abalou as ruas de Boston e os seus habitantes.