O incremento do número de vagas a nível nacional pode chegar às duas centenas.

Os dados divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) revelam a existência de mais sete vagas para os cursos de Medicina no concurso nacional de acesso ao ensino superior relativamente a 2022, totalizando 1.541. O presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), Vasco Cremon de Lemos, manifestou-se contra este aumento de vagas. O porta-voz dos estudantes justifica a sua posição alegando que tal aumento “vai diminuir a qualidade da formação médica” e não vai resolver os problemas no setor da saúde.

De acordo com o representante, o aumento do número de vagas vai diminuir também “a oportunidade dos estudantes terem contacto personalizado com os doentes”, bem como os recursos disponíveis para cada estudante e lugares disponíveis em termos de infraestruturas. “As faculdades estão preparadas para ter muito menos estudantes do que os que já recebem atualmente, e este aumento em nada vai apoiar isso e, acima de tudo, vai diminuir a humanização da medicina” afirmou.

O curso de Medicina reservava 15% de vagas para licenciados em áreas próximas, vagas essas que, se não fossem preenchidas, eram perdidas. No entanto, segundo o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, atualmente, as não preenchidas vão reverter para o concurso nacional de acesso, pelo que o número de vagas disponíveis pode chegar até às 200. Para o presidente do ANEM, este incremento a nível nacional “seria catastrófico”, uma vez que “seria o maior aumento nos últimos anos e é algo para o qual acredito genuinamente que as faculdades não estão preparadas” devido ao escasso financiamento.

Relativamente às questões de falta de profissionais na área da saúde, o presidente referiu que “a questão aqui é onde estão os médicos e onde é que nós queremos que os médicos estejam, porque quando falamos da falta de médicos, referimo-nos à falta no SNS e não há falta de médicos ‘per si”. Vasco Cremon de Lemos declarou ainda que, para reter os médicos no SNS é preciso criar condições atrativas e melhorar as condições de trabalho e qualidade de vida destes profissionais.