O “Open Day” do espaço cultural decorre desde a manhã de 29 de março até à madrugada do dia seguinte.
No mês de celebrações do décimo aniversário, o ComUM foi conhecer o gnration, um “espaço de criação, performance e exposição no domínio da música contemporânea e da relação entre arte e tecnologia”, tal como é descrito no site oficial. O espaço cultural foi inaugurado a 1 de maio de 2013 num antigo quartel da GNR, no centro histórico de Braga, e, durante o mês de abril, está com uma programação especial dedicada a uma década de história.
Dez anos de história reunidos num mês de festejos
Lucrecia Dalt, Dave Douglas, Joey Baron e Tim Hecker são alguns dos nomes que passaram pelo edifício, desde o início do mês. Com todos os espetáculos decorridos esgotados, a programação culminará no “Open Day”, no dia 29 de abril, que inclui desde concertos, atividades de serviço educativo e exposições.
Segundo Luís Fernandes, diretor artístico do gnration, as expetativas deste décimo aniversário estão a ser “ultrapassadas” e o balanço é “francamente positivo”. O responsável considerou que o “mais difícil seria esgotar todos os espetáculos” até à atividade do final do mês, o que veio a acontecer.
Relativamente ao “Open Day”, o diretor artístico designou como um dos “momentos altos de cada ano”. A iniciativa, com entrada gratuita, é “um pequeno resumo daquilo que o gnration faz durante o ano ao nível de programação”. Por essa razão, consegue reunir “uma quantidade muito grande de pessoas”, muitas delas pela primeira vez, nesse dia específico, para verem espetáculos e exposições. Apesar do evento decorrer apenas uma vez por ano, revela-se uma “aposta acertada”.
Luís Fernandes explicou que a atividade surgiu com o objetivo de alcançar “um público mais amplo, sem desvirtuar a estratégia de programa”, na fase inicial do espaço bracarense. Recordou ainda que a estreia do “Open Day” ficou guardada nas suas memórias, pois “foi quase preocupante do ponto de vista da fluência de público”, uma vez que superou o número de pessoas estimadas. Hoje em dia, o evento foi expandido e conta com um palco com lotação para duas mil pessoas, juntamente com a “blackbox” e salas mais pequenas por todo o edifício.
Atualmente, o gnration integra a Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, juntamente com a Rede Portuguesa de Arte Contemporânea. O diretor reforçou que o espaço de Braga é “uma das únicas três estruturas no país que fazem parte das duas”. Assim, considera como uma nota de destaque, que proporciona maiores condições para trabalhar. Acerca da influência que estes apoios têm na programação do décimo aniversário, referiu que a lógica se mantém, incluindo a nível orçamental, “não diferindo muito de anos anteriores”. A influência “nota-se mais numa perspetiva global do que num evento em particular”.
Um espaço diferenciador e plural
Segundo o diretor artístico, o gnration diferencia-se de outros espaços culturais, uma vez que é uma “estrutura que trabalha novas criações e novas formas de criar”, não acolhendo apenas espetáculos ou exposições. “Lançamos desafios a artistas e coletivos, para, ao abrigo daquilo que são as nossas ideias de programa, desenvolverem novas propostas”. Permanecerem durante um período de tempo no local a criar e a testar novas soluções e depois apresentarem essas propostas na programação do espaço é algum do trabalho que o gnration sugere aos artistas.
O espaço cultural é dirigido a público distintos, desde crianças e famílias a um público sénior, sendo uma “casa plural”. Contudo, o responsável assume que a familiarização do público com o espaço “não é imediata, porque é uma estrutura muito nova”. Apesar de ser resultante da Braga 2012 – Capital Europeia da Juventude, a procura dos jovens universitários pelo local varia consoante a oferta. O espaço cultural, voltado para as novas tendências e criações, dá ainda lugar, parcialmente, ao mestrado em Media Arts, da Universidade do Minho.
Apesar de ser recente e de se não encontrar num dos principais centros urbanos portugueses, as salas cheias ou muito compostas do gnration vão contra a inicial abordagem de desconhecimento sobre a casa cultural. Luís Fernandes assume que a ideia inicial de programação “poderia ser vista ao início como algo arriscada”, devido a estar ligada à criação contemporânea, num concelho que não é dos grandes centros urbanos do país. No entanto, a procura é “grande”, não apenas na região do Minho, como também se estende ao Porto e à Galiza, o que se reflete na “programação contínua”. Mais concretamente em Braga, há “muita gente ávida de criação contemporânea, seja na música, na dança, em tudo”, demonstrando que é tão capacitada como outras regiões.
Enquanto diretor artístico desde 2014, Luís Fernandes assegura que o percurso ao longo desta década é de um “trabalho de consolidação da estrutura do território onde se encontra” e que têm sido “10 anos de constante escuta, leitura e adaptação”. “Sentimos e temos dados concretos que o comprovam, que, ao longo de todo este tempo, fomos cada vez mais enraizando-nos de uma forma clara no território, atraindo mais público e desenvolvendo um programa mais robusto também.”
Desta forma se aproxima o décimo aniversário do gnration, com o “Open Day” a antecipar. Panda Bear & Sonic Boom, Bandua e Serge Fritz são alguns dos concertos gratuitos que fazem parte da programação, além das exposições “Análise de um Paraíso Fugaz” e “Cascade”.