Richie Campbell é desde 2010 um dos grandes nomes da música nacional com sons como “That’s How We Roll”, “Water” e “Slowly”. Desta vez o título do álbum, “Heartbreak & Other Stories”, deixa os fãs à espera de músicas com mais mágoa. Para os que queriam ver este lado do artista, aqui está uma boa oportunidade.

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A espera por este álbum foi grande mas para os ouvintes do cantor valeu a pena. No seu quinto álbum de originais, Richie Campbell apostou nas histórias de amor e desgostos, com mensagens de crescimento e valorização pessoal. O novo trabalho do artista conta com 18 faixas entre elas os singles “Tsunami”, “Let you go”, “Floating” e “Love again”.
Já em “Lisboa” o cantor tinha demonstrado vontade de se tornar mais popular. Com o R&B e dancehall moderno como base, chamou a atenção de outros públicos, e passou até a fazer parte do universo do hip-hop. Para o artista, a maior diferença entre esse álbum e o novo é a introspeção. Em “Lisboa”, Richie passou grande parte do processo criativo sozinho, ao contrário do que aconteceu em “Heartbreaks & Other Stories”. Em entrevista, Richie admite que o novo álbum é o “Lisboa” mais bem trabalhado, no entanto, sabe que, o álbum que deu outro rumo ao seu percurso, vai ter sempre um lugar especial no coração das pessoas.
“Chapter V” introduz “Heartbreaks & Other Stories” com um piano lento e back voices espantosas que dão a esta balada um toque diferente. A música lenta e reflexiva tem como tema uma súplica a Deus juntamente com o desgosto amoroso. Contudo, a deceção não fica pela primeira música: em “Let You Go” Richie mostra a necessidade de sair de uma relação para não fazer sofrer a companheira. Também em “Love me too much” o cantor fala sobre um amor falhado. Por outro lado, em “Heartless” troca-se as voltas a quem ouve o álbum corrido e o também produtor culpa a namorada pelo fracasso do relacionamento e pelo trauma que nele ficou (“Took away my heart, now I’m heartless/Left me in the dark, in the darkness” e “You left me broken, traumatized/Baby, you did it (No, you did it)”).
Apesar da repetição das mensagens destroçadas ao longo do álbum, os ritmos são claramente bem trabalhados e bastante diferentes. As músicas ficam no ouvido. Em “Closer”, por exemplo, o refrão é extremamente marcante (“Bring it back, bring it closer”). É a partir de “Hard to get” que as sonoridades latinas se começam a fazer sentir. Nesta faixa o tom do cantor torna-se mais positivo, como é possível observar, tanto na letra (“But can I be your man? Can I run into your arms?/Baby, I want you to shine with me/Come and share your life with me”) como no instrumental.
Esta onda continua para as faixas seguintes – “Love again”, “Star” e “Run Gimme”. Estas músicas mostram alguns sinais da adorada jamaica de Richie. A “Run Gimme” é provavelmente das músicas mais contagiantes do disco. Assente nos afrobeats, esta colaboração com Bella Shmurda conta com um videoclipe mais leve e divertido em comparação com os restantes singles.
Tanto em “Let you go” e “Heartless”, como em “Floating” e “Tsunami” os videoclipes são bastante pop e comerciais. Nos três primeiros sons, o vídeo mostra inclusivamente o artista em situação de fugitivo, envolvendo dinheiro e droga. Apesar disso, é percetível uma maior qualidade na produção visual.
Na última música do álbum, produzido por Migz e Ariel, “4:14”, fujindo ao tema global, Richie Campbell compara o seu passado (“We been through the worst”) com o presente de luxo e sensação de vitória. O artista admitiu em entrevista que era importante que este álbum conseguisse superar o anterior “Lisboa”. Se superou ou não é o que vamos descobrir nos próximos tempos. Depois de um percurso no reggae, o seu estilo mais R&B e dancehall, o que faz dele um artista mais popular, pode não agradar a todos.
Ficha Técnica:
Álbum: Heartbreak & Other Stories
Artista: Richie Campbell
Editora: Bridgetown Records
Data de lançamento: 17 de março de 2023