O sexto aniversário da promotora cultural Malfeito celebra-se com três dias de música.

Na passada quinta-feira, 6 de abril, Mike Vhiles e Cadê Carol deram música ao Café Avenida, em Fafe. A primeira noite de Ano Malfeito abriu o festival com alto andamento, numa explosão de ritmo e boa disposição.

Entrando no centenário Café Avenida, poucos adivinharão que nas traseiras se encontra um dos mais importantes espaços para o atual circuito minhoto de música emergente, nacional e internacional. O local que tem recebido os aniversários, natais, carnavais e outras “noites malfeitas” voltou a abrir as portas à música para celebrar seis anos de Malfeito.

Os primeiros nomes do cartaz a entrar em cena foram Mike Vhiles. A “faca de três gumes” conimbricense foi a Fafe apresentar Mystic Dream Sequence (2023), o seu primeiro disco, a uma pequena sala, íntima, e bem composta. Miguel Vale, o vocalista, subiu ao palco vestido como o assassino de um slasher dos anos 70, apropriado para as pontas duras e afiadas do som da banda. No final da primeira música, caiu a máscara e o ambiente aqueceu, pedindo-se ao público que se aproximasse, “para ficar quentinho”.

Pelo meio, houve ainda pausa para bagaço e, depois de dar os parabéns à Malfeito, tempo para uma história que parecia saída do álbum, numa mistura distorcida de sonho e realidade. O frontman, explicou que, quando tratou de um dente que partiu “num concerto dos Gator, a dentista era de Fafe e perguntou se conhecia a Malfeito”, por isso “queria agradecer às pessoas de Fafe”. Talvez antes dos copos de bagaço a história fosse mais clara, mas foi esta versão que o público ouviu, entre risos.

Já perto do final do concerto, a plateia ainda teve direito a uns segundos do refrão de “Fly Away”, de Lenny Kravitz, pelo meio de uma das músicas da banda. Num crescendo de energia e descontrolo, não podiam faltar moshpits e crowdsurf, mas ainda um pouco mais tímidos que o habitual. Depois de o power trio se despedir, o público pediu “só mais uma” e a banda deu “só mais duas”, mas sob a garantia de que era “para virar o tasco do avesso”. Após saltos suados, contorcionismos agressivos, cabeças a abanar e copos a virar no ar, o conjunto de Coimbra deixou o palco, dando lugar à segunda e última atuação da noite.

Cadê Carol, nome artístico de Carolina Ribeiro, fechou a primeira noite de Ano Malfeito com um DJ set cheio de ritmo. As paredes da sala, decoradas com cartazes de Noites Malfeitas, abrigavam a boa disposição contagiante de quem dançava ao som das misturas da artista. No teto, lia-se numa faixa que “Fafe é Hollywood”. A verdade é que o cartaz, repleto de pequenas estrelas, promete ainda mais dois dias de muita música e energia. Os concertos dividem-se entre o Café Avenida e o Verde Pinho, nos dias 7 e 8 de abril.