David Ole, MAQUINA, Unsafe Space Garden e 800 Gondomar passaram pelos palcos da Malfeito.
Na passada sexta-feira, 7 de abril, o Café Avenida, em Fafe, voltou a encher-se para receber a segunda noite do Ano Malfeito 2023. Com uma explosão de energia alucinante, o destaque foi o regresso dos 800 Gondomar.
Depois de David Ole ter aberto o segundo dia do festival, ao final da tarde, no Verde Pinho, à pinha ficou o Café Avenida, pelas 22h00. O início da noite ficou ao encargo de MAQUINA. A banda lisboeta trouxe a Fafe o seu álbum de estreia DIRTY TRACKS FOR CLUBBING (2023), uma experiência agressiva de ruído e potência, com vocais distorcidos, nuances industriais e muita, muita, muita energia. Enquanto o trio se contorcia demoniacamente em palco, de instrumentos em riste, o público aproximava-se cada vez mais, contagiado pelo ritmo imparável da máquina.
Antes da despedida, a banda revelou que tinha preparado mais uma música, além das quatro do álbum, para satisfação de toda a plateia. Exorcizados de más energias e suor, os MAQUINA deram vez ao segundo nome da noite, os Unsafe Space Garden. Saídos do meio da plateia com gritos disruptivos, os membros do conjunto vimaranense entraram em cena e deram início a “uma espécie de concerto” com a sua introdução já característica. Com seis pessoas em palco, o espaço estava quase tão cheio como a plateia, mas ainda houve espaço para os conhecidos cartazes da banda. Liam-se nomes alternativos como “Unfafe Space Fafen” ou “Unbaze State Walden” e a afirmação “we love you all!”. Escusado será de dizer que o sentimento era completamente reciprocado pelo público.
O concerto, que estava a ser “bue divertido”, apesar de estar “bue calor”, teve ainda espaço para uma curta interpretação de “Numb”, dos Linkin Park, muito à la Unsafe Space Garden. Com o espaço a abarrotar, a intensidade não parou de subir e audiência a berrava em uníssono com a banda. O público mostrou o seu desagrado com o anúncio de que o tempo estava a acabar, mas o sexteto despediu-se em grande. Mesmo pedindo mais, a plateia terminou o espetáculo de barriga cheia.
Chegada a hora da última atuação, foi altura do regresso dos 800 Gondomar aos palcos portugueses. Após um longo hiato e uma série de concertos em territórios gregos e macedónios este ano, era o espetáculo mais esperado da noite e, possivelmente, de todo o festival. O trio de Rio Tinto foi recebido com fortes aplausos e abraços, numa sala no limiar da loucura e da capacidade. Quer em cima do palco, quer em cima do público – literalmente –, os autointitulados “reformados” foram trilhando caminho pela sua curta discografia, passando ainda por um cover de “All Good Things (Come To An End)”, de Nelly Furtado.
“Vocês não estão a entender, é hoje e nunca mais!”, esclareceu o baterista, Rui Fonseca. Certo é que, mais do que o último concerto da banda, o ambiente era digno de último concerto do mundo – e foi gravado em cassete, cópia única. Passada uma tentativa de leilão da gravação e um abraço de grupo, os 800 Gondomar voltaram ao punk estrondoso, num jogo em que “o último a ficar de pé perde”. Pouco tempo depois, não houve mesmo quem não estivesse no chão ao som de “Preguiça”, uma balada que o público ouviu sentado e abraçado, num “momento de amor”.
Para tristeza de todos, e porque as coisas boas têm um fim, houve apenas tempo para “mais dois minutos de música” antes que a organização tivesse de pedir, por favor, que se esvaziasse o espaço, já bem perto das duas da manhã. Quanto à fasquia, essa aí ficou e ficou bem alta para o terceiro e último dia de Ano Malfeito, no sábado, 8 de abril.