Solar Corona, Summer Of Hate, Hetta e DJ A Boy Named Sue atuaram na última noite de festival.

No passado sábado, 8 de abril, terminou o festival que celebra o sexto aniversário da promotora cultural Malfeito. No terceiro dia, o destaque foi para o concerto dos Hetta, que subiram ao teto e deitaram a casa abaixo.

O primeiro concerto do dia foi ao final da tarde, tal como no dia anterior, no Verde Pinho. Com curadoria da Favela Discos, Nuno O & Vasco da Ganza deram início ao fim do Ano Malfeito 2023 ao som de experimentação eletrónica e digital.

Já à noite, os primeiros a atuar foram os barcelenses Solar Corona, pelas 22h00. O quarteto apresentou Pace (2022), aquecendo rapidamente o ambiente com uma bateria e um baixo densos como cimento, que colavam ao chão, mas que obrigavam as cabeças a abanar com força. Aliás, a intensidade era tanta, que uma das cordas do baixo rebentou e teve de ser substituída a meio do concerto. A guitarra penetrante e o tapete de sintetizadores e drone completavam o som psicadélico e magnético da banda.

Quem pisou o palco a seguir foram os Summer Of Hate, que, tendo dado o seu primeiro c

oncerto precisamente no mesmo local, há uns anos, esperavam que este “corresse melhor”. Para variar, não se ouviu um vocalista masculino no Café Avenida enquanto a banda do Porto tocava temas de Love is Dead! Long Live Love (2022). Entre a música que “passa na rádio e tudo” – referiam-se a “Não Sei” – e a música nova “Ashura”, houve ainda uma pausa porque se esqueceram de um capo para a guitarra. A sonoridade, ruidosamente suave e onírica, carregou no acelerador mais perto do final, com um dos (três!) guitarristas a terminar a última música no meio do público. Como correu o primeiro, só sabe quem lá esteve, mas este concerto não estará muito longe do topo.

Antes do concerto mais aguardado da noite, ainda se cantaram os parabéns à Malfeito. Sopradas as velas, entraram em cena os Hetta, com uma injeção de energia e alta intensidade. Depois de se ter pendurado na estrutura de ferro do teto, logo na primeira música, o vocalista Alex Domingos levantou a mão com uma marca vermelha e brincou: “só corta um bocadinho”. Ainda assim, não foi impedimento para o frontman, que terá passado mais tempo pendurado no teto e a ser carregado nos braços do público do que em cima do palco. Tendo ouvido falar da loucura que foi o concerto dos 800 Gondomar no dia anterior, o objetivo era subir ainda mais a fasquia.

Os lisboetas não vieram para brincar e pouco tempo tinha passado do início do concerto quando se ouviu “a tarola partiu, alguém me arranje outra”. Foi apenas durante esta pequena pausa técnica que o moshpit constante tirou férias, mas voltou com a máxima força logo de seguida, acolhendo também o vocalista, que incitava cada vez mais ao delírio total. “Isto não é o Montijo, nem é Lisboa. Fafe, subam às paredes!”, exclamava Domingos, ofegante. A energia incessante crescia com cada grito e escalada ao teto, mostrando porque é que os Hetta são uma das bandas de maior destaque do hardcore nacional da atualidade.

O fechar da noite e desta edição do Ano Malfeito foi feito ao som do DJ A Boy Named Sue, que também foi passando música entre os concertos anteriores. Acompanhado pela já conhecida televisão, onde coloca as capas dos discos que estão a tocar, o maior DJ de rock português e figura de peso na música nacional pôs a sala inteira a dançar. De vez em quando, levava o auscultador de um telefone fixo vermelho ao ouvido em vez de uns headphones, porque, afinal, se é para ser “à moda antiga”, que seja a sério.

O terceiro dia de festival acabou ao início da madrugada, dando assim por terminado o Ano Malfeito 2023, ao fim de três dias de imensa energia, rock e calor.