Associação salienta o “atraso lamentável” na discussão pública do documento, após a sua segunda consulta em quase dois anos de “silêncio” do Governo.
A Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável apelou, esta segunda-feira, à implementação da Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2022-2050. A associação ambientalista sublinha que esta deve ser uma “prioridade nacional” face aos milhões de portugueses que se encontram nesta situação.
A proposta esteve pela segunda vez em consulta pública até 3 de março. Foram reveladas estimativas de que entre 660 e 680 mil portugueses vivem em situação de “pobreza energética severa”, ou seja, pertencem a agregados familiares “cuja despesa com energia representa mais de 10% do total de rendimentos”. Os dados também indicam que entre 1,1 e 2,3 milhões de pessoas encontram-se em situação de “pobreza energética moderada”.
A associação considerou que os apoios do Fundo Ambiental para o investimento das famílias em janelas eficientes, painéis solares, bombas de calor e outros equipamentos de poupança energética apresentaram “algumas fragilidades quanto à comunicação, processo de candidatura e plataformas, ligação ao mercado e a necessidade de formação dos profissionais que trabalham no terreno”. “A Zero considera estes apoios positivos e fundamentais para incentivar à renovação do edificado, mas alerta que os apoios disponíveis não chegam à população mais vulnerável”, destacou.
A Zero reforçou ainda que o Dia Nacional da Energia deste ano é assinalado num momento “particularmente importante”, ganhando urgência a necessidade de substituir os combustíveis fósseis por energias renováveis. A guerra na Ucrânia veio “evidenciar a perigosa dependência que a Europa tem do gás russo”, tornando-se assim o problema crónico da pobreza energética ainda mais relevante.
“Cada vez mais pessoas passam muito frio ou muito calor em casa, resultado de construções com pouco cuidado no isolamento térmico, baixo rendimento e preços de eletricidade e gás incomportáveis”, lamentou a associação energética. Para além do que já foi discutido, a associação ambientalista sugere também a promoção da eficiência energética dos edifícios a partir de “formatos mais inovadores” que facilitem a renovação das habitações.