Azul-escuro é a cor que identifica o grupo cultural minhoto.
A Augustuna pertence à panóplia de tunas masculinas da Universidade do Minho. Foi criada em 1996 por “um impulso de amigos do ensino inglês-português” que sentiram a necessidade de criar a primeira tuna mista da universidade, agora convertida para uma tuna masculina. Em entrevista ao ComUM, Bruno Dias, pandeireta de salto e membro da direção do grupo, partilha a experiência de viver o azul-escuro.
Sendo azul-escuro a sua cor de estreia, a Augustuna carrega um legado que remonta as suas primeiras experiências no ano de 1996 enquanto tuna mista. A tuna, agora masculina, uniformizou-se em género segundo Bruno Dias porque “havia maioritariamente caloiros masculinos” causando “uma discrepância enorme” entre mulheres e homens participantes. Em reunião de conselho decidiram continuar a trilhar o seu legado enquanto tuna masculina em detrimento do seu término.
O legado da Augustuna é trilhado agora pela nova geração de membros. Bruno Dias afirma “como foi uma tuna fundada em 1996 ainda temos contacto com os fundadores, ainda aparecem em ensaios e atuações”. Sente que, por isso, existe uma preocupação em “que tudo corra bem para que o legado deles não caia em saco roto”. A tuna continua com a divisão em seminóides e seminas que faz parte da tradição e que agrega a cultura minhota à hierarquização da tuna, baseada em Braga a cidade dos arcebispos.
Musicalmente, a tuna “não procura a perfeição”. Como um grupo musicalmente não profissionalizado, apesar da integração de membros que têm formação musical, procuram dar mais ao público do que a procura de algo inexistente como a perfeição. Nas suas músicas introduzem instrumentos como o cavaquinho e a braguesa para representar o Minho. “Somos do Minho” destaca Bruno Dias.
As suas apresentações procuram trazer o espírito de folia e festividade que é a Augustuna, uma tuna caracterizada por “muita música portuguesa, camaradagem e entreajuda”. “Queremos animar o público, estamos a atuar para o público, é isso que nos diferencia das outras tunas” realça o tuno.
A música que segundo Bruno Dias melhor representa o grupo é “Vinho do Porto”. Refere que é “uma das músicas que está sempre presente nos nossos cancioneiros e nas nossas atuações”. Segundo o integrante da Augustuna, esta é das primeiras músicas que aprendem, “porque em situações importantes é “Vinho do Porto” que se canta”. A título pessoal destaca “Fingimento”, uma serenata que trova sobre a desilusão de um amor fadado.
O momento mais emblemático da Augustuna, para o tuno foi o momento de reabertura da tuna depois do seu término. O momento marcou a tuna pelo “sacrifício envolvido na situação” com custos como a aprendizagem de raiz por parte dos novos caloiros. A iniciativa surgiu com um grupo de jovens que procuraram um antigo membro da Augustuna com o objetivo de a reestruturar depois do seu desmantelamento, o que aconteceu com sucesso.
Destaca também a digressão a Barcelona no ano de 2006 e a autoria de músicas como “Fingimento”, “Braga Boémia”, “Delírios”, na história do grupo. Descreve estes feitos como marco na vida da tuna. “Foi um marco porque mostramos que temos aptidão para criarmos músicas nossas”, afirma.
Realça ainda o Magna Augusta, o festival da Augustuna que decorre todos os anos no mês de março. Transitou este ano para o Altice Forum Braga, este ano, na sua 6º edição, e era anteriormente realizado no conservatório de música Gulbenkian. Refere que foi uma passagem que simboliza muito para o grupo e que sentiram o reconhecimento por parte de outros grupos culturais pela própria dimensão e diferença do valor performativo nos dois lugares, pelo facto do Altice Forum Braga ser um marco de performance do país e da cidade.
Como resultado dos espetáculos em que participa, a tuna já acumula alguns prémios. Destacam como os “maiores prémios” o de melhor solista, o prémio de maior pandeireta que acumulam em diferentes festivais, prémio de melhor adaptação ao festival e tuna mais tuna, que representa a festividade das tunas.
Bruno Dias termina com uma mensagem a futuros estudantes para “aproveitarem ao máximo e que integrem um grupo cultural ou algum hobby na universidade (…) porque nos faz crescer enquanto pessoas”.