O dia 22 de fevereiro marcou o regresso de Camo. O novo projeto da sul-coreano, Pressure Makes Diamonds, conta com colaborações de grandes nomes como Sik-K, Jay Park e Loopy. Apesar de prometer muito, a qualidade do álbum fica muito aquém do esperado.

Hypebeast

O álbum conta com o total de 13 faixas, cinco das quais são features com outros artistas muito conhecidos.Da faixa “Pressure” com Sik-K era de esperar mais e melhor. Sik-K é conhecido por surgir e elevar qualquer música a outro nível com os seus versos, mas, pela vibe, ritmos e melodias tão monótonos que Camo incute desde o começo, não foi de todo possível introduzir o efeito Sik-K nesta faixa, tornando-a nada mais que medíocre. “Fake Hoe” já nos traz outra esperança, com um som claramente mais up-beat e com uma letra a combinar mais com o que o nome e capa do projeto nos promete. “Fake Hoe” não é a melhor faixa do álbum, mas dentro da vasta seleção de títulos maus, esta está entre as melhores.

A colaboração com Loopy em “Running Up” carrega desde o começo a melodia dreamy da Camo a que qualquer fã está acostumado. O beat e a mesma melodia suave do background recordam e trazem muito do trabalho anterior da rapper em “Life is Wet” e com Simon Dominic em “Wifey”. A junção da voz de Loopy e Camo é o match perfeito e é de notar a qualidade da produção como um todo. “Like me” introduz um som extremamente interessante de guitarra que, juntamente com a voz e estilo mumble que a Camo por vezes adota, fazem com que este título se destaque entre o vasto leque. É uma música vazia de significado, mas, ainda assim, agradável de se ouvir, muito devido ao hook repetitivo que fica na cabeça.

“Bitchy” cria a ilusão de uma melhora pelo seu som trendy, com samples conhecidas e batidas agradáveis. De todo o compilado de títulos, este é, sem margem para dúvidas, um destaque. Camo joga pelo seguro, mas serve tudo aquilo que os seus amantes mais desejavam: sons e vibe arrojados e letra ousada. “Waterwater” com Tommy Genesis traz o mesmo som intenso em sintonia com a harmonia vocal e a melodia do violino. Desta vez a sample principal parece ser ainda mais bem utilizada, o que faz com que o único ponto fraco seja a forma abrupta como a música acaba. Parece ser deixado algo em suspenso, como se não houvesse tempo ou criatividade para mais.

MAPSI” a title-track do álbum é mais um destaque. Melódica, cativante e bem acabada. É a melhor do álbum por ser tão bem construída. Não é possível detetar um único ponto menos positivo em toda a música. Para jogar com a atenção dos ouvintes, Camo opta mais uma vez por um beat-switch para “Been Givin’ You”. O som é mais próximo do lo-fi, com percussões lentas e uma guitarra suave ao fundo. Quase que embalados pelo som doce, calmo que nos remete aos finais de tarde quentes do verão, os ouvintes são conduzidos a algo do mesmo género em “Love Fades”. “Love Fades” conta com a participação de Awich, uma rapper japonesa que, de uma forma subtil, dá outra vida à produção e a combinação de ambas as rappers parece um match feito no céu.

As últimas três músicas da lista que compõe “Pressure Makes Diamonds” não deviam ter sido selecionadas. “Mona Lisa” tem um som genérico e pouco interessante, agravado pelo facto de a letra ser, mais uma vez, vazia de sentido, conteúdo ou história. Da colaboração com Jay Park em “Waiting For You” não sai nada do que era esperado, o que me faz questionar quem estará mais desiludido: os fãs de Camo ou os de Jay Park? As vozes não combinam e toda a produção instrumental parece preguiçosa, descuidada e sem lógica. “Finner” também não inova e arrisco a dizer que é muito parecida em termos sonoros com qualquer outra neste mesmo projeto.

Concluindo, Camo teve imensas oportunidades para por sons novos na mesa, arriscar e, desse modo, ganhar mais reconhecimento pelo seu talento. Limitando-se ao mínimo e a diversas produções preguiçosas que não se destacam ou elevam o álbum a outro patamar, não me parece haver certezas quanto à efetivação do seu nome na cena do rap coreano.