A data é marcada por discussões sobre as repercussões de pertencer a uma aldeia global.
O Dia Mundial das Redes Sociais comemora-se hoje, dia 30 de junho. Criada pela Mashable, weblog norte-americano de notícias relacionadas com a internet e os médias sociais, esta celebração tem o intuito de “reconhecer a revolução digital que fez dos média um ambiente social”.
As redes sociais estão fortemente ligadas à veiculação de informação. Essa informação é variada e pode ser associada a diferentes nichos, isto é, a áreas de atuação. Esses nichos são normalmente apresentados pelo próprio algoritmo da rede social de acordo com a preferência pessoal de cada indivíduo. No entanto, existe uma crescente preocupação com a informação que é propagada pelas redes sociais.
Essa preocupação leva as pessoas a perguntarem se as redes sociais informam efetivamente os seus usuários. Com a crescente divulgação de fake news e informações maliciosas torna-se difícil perceber quais são os limites destas plataformas e até que ponto são confiáveis, quando o intuito do usuário é o de receber informação fidedigna. Por outro lado, com o crescente espaço que o jornalismo ganha nas redes sociais, fica a questão de qual será o seu papel nas mesmas.
Nesse sentido, em conversa com o ComUM, Pedro Miguel Coelho, jornalista e coordenador das redes sociais do Expresso, procura trazer luz ao assunto. Segundo o jornalista, as redes sociais são locais de disseminação de informação verdadeira, mas também falaciosa. Refere, contudo, que esse aspeto não é algo singular das redes sociais, mas que remonta aos primeiros meios de comunicação mais tradicionais, como a televisão, rádio ou imprensa.
Segundo Pedro Miguel Coelho, os papéis que as redes sociais podem desempenhar no jornalismo são “bastante diferentes” e sofreram mutações ao longo do tempo. Numa primeira fase, com plataformas como o myspace ou o hi5, o jornalismo criava “um contacto mais próximo entre os seus leitores ou espectadores”. O objetivo essencial era, primeiramente, marcar presença noutros meios de comunicação menos tradicionais. Numa segunda fase, as redes sociais foram utilizadas para “para reproduzir, de alguma forma, aquilo que é publicado nos órgãos, ou seja, com links para que as pessoas venham aos sites dos órgãos”.
Depois, criou-se um sentido de comunidade nas redes sociais no meio jornalístico, ou seja, “os meios começaram a falar diretamente com os leitores e com a sua comunidade de seguidores nas redes sociais”. Pedro Coelho reconhece, apesar disso, que esta relação bidirecional não consegue ser feita ainda a 100% devido à falta de profissionais disponíveis nas redações portuguesas para esse efeito.
Num prisma mais recente, as redes sociais assumem um papel desafiante no jornalismo, através da produção de conteúdos próprios que as alimente diariamente. O jornalista do Expresso reflete que o “espelho disso são os conteúdos que os vários meios têm feito especificamente, e de forma explosiva, para plataformas como o Tiktok ou o Instagram”, acrescentando a atual criação de “conteúdo videográfico, de fotografia ou de grafismo, que são feitos exclusivamente para aquelas plataformas”.
As redes sociais revelam-se preponderantes no trabalho jornalístico e assumem-se como ferramentas importantíssimas. As principais vantagens que Pedro Coelho associa à sua atividade profissional são o facto de poder abrir portas à curiosidade e o de “contactar com aquela informação que nos deixa, de alguma forma, com apetite para ir ver o que é mais tarde”.
Por outro lado, as redes sociais assumem-se também como espaços para a perpetuação da imagem do jornalismo e dos diferentes meios de comunicação a ele associados. O profissional destaca que “as redes sociais, os sites e os jornais contribuem para construir na mente das pessoas a imagem que elas têm do seu jornal, da sua televisão ou da sua rádio”. Desta forma, é possível “modelar de uma forma mais direta aquilo que é a filosofia de um meio de comunicação digital”, complementa. Acrescenta ainda que os novos média permitem “diversificar os protagonistas que temos nas notícias, reagirmos de uma forma mais rápida quando é necessária alguma correção” e também chegar a um público mais vasto.
As redes sociais representam também um local de consumo de notícias e informação muito mais apelativo para jovens até aos vinte e cinco anos, em detrimento de meios mais tradicionais. O principal desafio para o jornalismo atual é a competição. Com meios tão preponderantes no quotidiano das pessoas, onde existe um grande fluxo de informação decorrente de influencers e outros, o papel do jornalismo é mostrar que a sua informação é “trabalhada e verificada por profissionais”.
Para uma navegação segura na era digital, o jornalista Pedro Coelho recomenda verificar a informação que obtemos por outros meios e os seus autores, dando preferência a meios de comunicação institucionalizados, como os jornais. “Se uma coisa nos parece demasiado horrível ou fantástica, antes de partilharem, devem pesquisar, verificando se essa informação está em outro lado e por quem é partilhada”, salienta. Devemos ainda verificar a data da notícia, isto é, se aquilo que estamos a partilhar é, de facto, atual.
Apesar de não serem técnicas infalíveis, o jornalista reconhece que são as principais a serem seguidas pelos diferentes usuários. Como mensagem final, Pedro Miguel Coelho sublinha que “enquanto leitores e consumidores de informação, temos de ler e ouvir a informação antes de a partilhar”.