Alice Kellen é maioritariamente reconhecida pelo livro Tudo o que nunca fomos, porém, a sua escrita vai muito além dessa obra. Publicado em Portugal, em novembro de 2022, O rapaz que desenhava constelações mostra-nos os altos e baixos de passar a vida ao lado de quem amamos.

Valentina vive a típica vida de uma mulher espanhola nos anos 60. Nunca aprendeu a ler, mas sabe fazer todas as tarefas domésticas, então trabalha como empregada. Um dia, na sua ida habitual à padaria, conhece Gabriel. Ao contrário dela, ele encontra-se a estudar, tencionando ser professor algum dia. Valentina torna-se na sua primeira aluna. Ao qual, nos seus primeiros encontros, ele ensina-a a ler e, assim, começam uma vida inteira lado-a-lado.

Castellón Plaza

Esta obra está dividida por décadas e cada uma delas é marcada por algum evento bom ou mau na sua relação. É uma história bastante realista, portanto, não é uma boa obra para quem procura fugir um pouco à realidade. Mas, ainda assim, é realmente bonita de se ler. São problemas reais, que permitem ao leitor relacionar-se com os personagens. A forma como estes lidam com o amor, a mudança e a perda mostra-nos que, com trabalho e comunicação, é possível contornar e ultrapassar qualquer problema.

Além de uma história de amor, é também uma ótima representação da vida de uma mulher no século XX. Valentina trabalha na casa de uma família desde muito nova. No entanto, quando lhe são dadas as oportunidades certas, ela consegue fazer algo que poucas mulheres conseguiam na época: subir na vida. Esta parte feminista que Alice Kellen incorporou na história é muito importante, pois mostra ao leitor como era difícil para as mulheres antigamente. Mas também, como foi a luta que permitiu terem mais oportunidades, hoje em dia.

O rapaz que desenhava constelações é um livro pequenino (apenas em tamanho) e, por isso, é a leitura para um dia perfeito. Com esta obra, Alice Kellen traz imensas emoções à flor-da-pele dos leitores. Preparem-se para sorrir, chorar, sentir dor mas, sobretudo, esperança.