Chega-nos finalmente o primeiro álbum de Boygenius, a banda com membros já adorados há muito. Phoebe Bridgers, Julien Baker e Lucy Dacus formam um trio único e muito característico que só poderia ser adorado, assim como The Record que traz consigo o melhor do indie rock e das três artistas, numa sensibilidade direta e marcante.

The New York Times

Apesar de já existir um single de 2018, é agora em 2023 que a banda decide lançar um álbum que se tornou imediatamente um sucesso. Os três membros funcionam de um modo harmonioso e declaram isso mesmo desde logo com a primeira música do disco, onde está apenas presente as vozes dos mesmos, sem qualquer instrumental, funcionando como uma introdução para a intimidade do mesmo.

“Cool about it” será possivelmente a faixa mais sensível. Fala sobre relações sufocadas pelo amor e pela mudança inevitável das pessoas. Como nos esforçamos para que a dor gerada através do outro não nos afete e toda a resistência à perda de algo que ficou no passado, o querer a pessoa que um dia conhecemos. Para além disso, é extremamente bem dividido cada momento vocal das três cantoras, assim como a sensibilidade única da voz de cada uma. Toda a parte instrumental da música acompanha harmoniosamente o sentimento da sua letra.

Logo a seguir surge “Not Strong Enough”, um desabafo sobre sentir-se insuficiente, principalmente aos olhos do outro e posteriormente aos nossos. Apresenta uma ponte muito característica e com grande carga emocional também transmitida com a performance vocal das artistas.

Todas as faixas parecem funcionar muito bem e transmitir uma energia muito similar, sem deixarem de ser únicas. As duas últimas músicas referidas caracterizam a dualidade principal energia passada ao longo de todo o disco. A sensibilidade delicada e a caótica, sem qualquer diferença no seu forte sentimento.

O disco acaba em beleza com “Letter To An Old Poet”, calma para um final relaxante, mas principalmente melancólica. Funciona como um último suspiro intenso e aliviante, sendo a letra direta num sentido terapêutico. As vozes presentes e toda a construção musical, assim como em todas as faixas, encaixam e misturam-se de modo muito belo e suave.

É um álbum muito íntimo, cheio de vulnerabilidades que tocam no ponto certo. A escrita de todas as músicas mostra uma sensibilidade imensa, provocando uma relação direta com o ouvinte, principalmente com quem se identifica com as mesmas. Um disco delicioso, onde a banda Boygenius parece boa demais para ser verdade.