A Lista B rege-se pela promoção de uma maior e melhor inclusão.

A lista B, encabeçada por Rúben Monteiro, é candidata a representante dos estudantes no Senado Académico da Universidade do Minho (UMinho). Em conversa com o ComUM, o estudante de Relações Internacionais afirma que o objetivo da candidatura prende-se pela vontade de ouvir a comunidade académica, bem como as “questões que são muitas vezes discutidas, mas não levadas a sério”.

ComUM – O que levou à candidatura da Lista B?

Rúben Monteiro – Os membros da Lista B têm trabalhado desde cedo em prol de reivindicações na universidade. Esta candidatura nasceu de iniciativa minha e do André Rodrigues, segunda pessoa que irá encabeçar a lista. Nós temos preocupações que, para além de nós, são de todos os estudantes, das escolas em si e de problemas da sociedade, como os socioeconómicos, e, por isso, a Lista B quer que todos os estudantes sejam ouvidos no Senado Académico. Todas as questões que são presentes no dia-a-dia das pessoas são muitas vezes discutidas, mas não são levadas a sério, e a nossa lista pode adicionar isso. É composta por 12 pessoas que têm experiência, trabalham em contexto pedagógico das escolas, participam nas associações e nos núcleos de estudantes. Já trabalham em si para serem ouvidos e têm interesse e empatia pelos problemas dos estudantes.

ComUM – Porquê o mote “Por Todos os Estudantes”?

Rúben Monteiro – A nossa principal causa é a inclusão, juntamente com a ação social e apoios socioeconómicos. Queremos que os problemas dos estudantes sejam ouvidos e resolvidos. Deste modo, pretendemos blindar o crescimento de pessoas que ameaçam a progressão que temos para a inclusão.

ComUM – Relativamente à inclusão, que propostas traz a lista B?

Rúben Monteiro – Queremos aumentar a capacidade da universidade para estudantes com deficiência motora, neurodivergências e necessidades educativas específicas. Assim como todos os estudantes, estes têm direito a uma educação plena e igualitária, sendo preciso mecanismos para quebrar barreiras. Em continuação, vamos promover uma maior dimensão do gabinete de inclusão da UMinho. É um gabinete bastante importante, com diversos projetos, que ultimamente tem vindo a ser negligenciado pelos órgãos de gestão. Assim sendo, queremos acabar com esta negligência de forma a que os seus projetos sejam implementados.

Em seguimento, queremos combater todas as formas de discriminação associadas aos problemas de saúde mental. Pretendemos que haja gabinetes e mecanismos de apoio que envolvem psicólogos e os restantes órgãos da UMinho para que as pessoas possam apresentar denúncias e resoluções. Por exemplo, em casos de racismo, de homofobia e de assédio sexual. A falta de segurança ajuda este tipo de acontecimentos. A universidade tem de começar a levar este tipo de denúncias a sério e levar uma investigação a avante, tendo o agressor ou os responsáveis do problema de acatar com as consequências e a vítima de ser protegida.

ComUM – Que objetivos apresentam relativamente à ação social?

A Lista B pretende negociar com a UMinho para que a propina seja abolida de modo a termos um ensino público gratuito e geral. A lei diz-nos que há uma fixação nacional máxima, mas, por sua vez, não há uma mínima. A universidade, se assim o quiser, pode retirar qualquer valor. Sendo assim, defendemos a implementação da propina zero tanto para os estudantes nacionais como para os internacionais, assim como mestrados e doutoramentos.

Por fim, apresentamos o alargamento da ação social. Estamos numa situação económica desfavorável, o que nos leva a propor que todos os alunos deveriam receber um apoio social para alojamento e um apoio social para alimentação. Quanto ao alojamento estudantil, vemos de bom grado o aumento das camas que está planeado existir. No entanto, vamo-nos manter atentos ao planeamento da fábrica.

Para além disto, tem também de haver uma requalificação das residências existentes. A residência Lloyd é insustentável. Neste momento, há quatro bicos de fogão para 700 pessoas, internet fraca, água e luz sempre em falta. Para acabar, outra situação insustentável são as salas 24 não terem condições suficientes para receber um maior número de alunos – sobretudo em altura de exames – e a questão da biblioteca estar fechada depois da meia noite.

ComUM – Relativamente à campanha eleitoral, o que é que já fizeram e o que pensam fazer mais?

Rúben Monteiro – A nossa campanha focou-se maioritariamente nas redes sociais. Primeiramente porque é um método que conseguimos chegar aos estudantes e por as eleições serem feitas numa época em que a maioria dos alunos não se encontra fisicamente na universidade. Na rede social Instagram, foi feita a publicação dos membros e de informações gerais sobre o que é o Senado e o que faz. De seguida, apresentamos os nossos princípios/ideias até ao dia de Reflexão, dia 4 de julho. Fizemos também campanha presencial pelo campus, cafés e bares, salas 24, etc. Tentamos com que um número máximo de estudantes tenha acesso à eleição e vote na Lista B.

ComUM – Quais os principais desafios que a Lista B vai enfrentar nas eleições?

Rúben Monteiro – Os níveis de abstenção são os nossos principais desafios. Estão mais elevados este ano do que estavam na pandemia. Isto leva-nos a refletir que os estudantes estão cada vez mais afastados destas instituições. Outros desafios são a falta de apoio por parte de associações existentes – somos apenas 12 estudantes independentes. Somos considerados a lista de oposição e sendo a outra lista apoiada pela Associação Académica da Universidade do Minho, ou usufruindo indiretamente desse apoio, tem mais facilidade em chegar aos estudantes e fazer passar as suas ideias.

ComUM – Que estratégia têm em vista para tentar diminuir a taxa de abstenção?

Rúben Monteiro – Queremos aproximar os órgãos e divulgar o que se passa nas reuniões, o que por vezes não é transparente. Conseguir saber o que foi decidido e, em aspetos de campanha, quem é que votou. Saber que uma taxa de professores votou naquilo e os estudantes noutra, que estudantes é que votaram e saber se as listas se estão a comportar como devem. Principalmente, querer saber se as coisas a que nos propusermos estão a ser feitas e qual a opinião dos estudantes.

Pensámos também que o momento em que há uma maior adesão por parte de todos os estudantes é no acolhimento, querendo assim nesses dias apresentar aos estudantes os vários órgãos da universidade e o que eles fazem e decidem de forma a ter as pessoas mais informadas, interessadas, e por sua vez mais atentas a estes momentos de campanhas e eleições.

ComUM – Quais os motivos que te fizeram aceitar o desafio de ser o cabeça de lista?

Rúben Monteiro – Quem me conhece sabe que gosto de reivindicar os interesses dos estudantes. Primeiro, porque sou estudante e, segundo, porque participo desde sempre em várias associações e grupos como o de debates que me trouxeram novos e diversos conhecimentos. Outro dos principais motivos é a situação social. Há um aumento da extrema direita, algo que sou completamente contra. Por este motivo, há cada vez mais alunos que defendem a extrema direita e que começam a infiltrar-se em órgãos académicos, núcleos e associações e, por isso, temos de assegurar que esses órgãos não são frequentados por essas pessoas. Todos os membros da Lista B reveem-se nesta ideologia e são pessoas empáticas, ativas, interessadas, especializadas e interventoras.