O total de novos estudantes representa uma taxa de 84%, mais três pontos percentuais face a 2022.
Os resultados das colocações no Ensino Superior para o ano letivo de 2023/2024 foram divulgados este domingo e ingressaram na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior 49.438 novos estudantes. O curso de Medicina registou o número mais elevado de sempre nos colocados da primeira fase, com 1.595 estudantes no total. No topo da tabela das médias dos últimos colocados encontram-se os três cursos de Engenharia Aeroespacial.
Segundo os dados fornecidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, com quase 50 mil estudantes a ingressarem no Ensino Superior, “56% foram colocados na sua primeira opção e 87% numa das suas três primeiras opções de candidatura, os valores mais elevados dos últimos anos”. O ministério realçou ainda que “entre 2021 e 2023 a taxa de colocação aumentou de 77% para 84%, o que demonstra um crescente ajustamento entre a procura dos estudantes e a oferta das instituições”.
Numa época de discussão relativamente ao futuro das carreiras dos profissionais da educação, sabe-se também que “o número de estudantes colocados em licenciaturas em Educação Básica aumenta 21% face ao ano anterior, com 923 estudantes colocados nesta fase, e ocupando 97% das vagas disponibilizadas”. O ministério avançou que “nos últimos dois anos o número de colocados em licenciaturas em Educação Básica aumentou 45%”, um fator positivo que “demonstra o crescente interesse dos estudantes por estas formações”.
Medicina com o maior número de colocados de sempre
Medicina atingiu os 1.595 colocados, mais 51 comparativamente ao ano passado, registando assim o número de novos estudantes mais elevado desde sempre. A acrescentar, o curso sofreu alterações este ano, tendo sido definido que as vagas sobrantes dos concursos especiais de ingresso em Medicina para licenciados seriam canalizadas para o concurso nacional. No total eram 298 lugares a ser preenchidos, tendo sido ocupados 247. Os restantes 51 foram adicionados ao regime geral: 36 na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 13 na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e dois na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
Apesar destes resultados, o número de vagas adicionais no regime geral para os cursos de Medicina, dada a alta adesão por parte dos candidatos, afastou as expectativas iniciais lançadas em Abril, pelo secretário de Estado do Ensino Superior, de que haveriam 150 lugares de sobra. De acordo com afirmações da presidente do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas, Helena Canhão, o número de candidatos ultrapassou os lugares disponíveis nos concursos especiais em várias faculdades, diminuindo assim as vagas destinadas ao regime geral.
Este aumento de vagas provocou uma descida nas médias dos últimos colocados no curso, entre 0,2 e 0,7 valores. Isto verifica-se em várias instituições, entre elas o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, na Universidade do Porto, onde a média do último colocado de 2022 foi de 18,9 e a do último colocado de 2023 ficou pelos 18,68 valores.
Houve 38 cursos que ficaram sem candidatos, sendo a maioria engenharias
Instituições de ensino superior abriram vagas em 38 cursos aos quais nenhum aluno concorreu na primeira fase do Concurso de Acesso ao Ensino Superior, sendo a maioria em politécnicos e nas áreas de engenharias. De acordo com análise feita pela Lusa aos dados disponibilizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, estes cursos pertenciam aos Institutos Politécnicos de Leiria, Bragança, Castelo Branco, Santarém, Guarda, Setúbal e Tomar, tendo surgido também vagas em três universidades que não tiveram procura nesta primeira fase.
Este problema aplica-se principalmente às áreas de engenharias, sendo que são as áreas com mais vagas abertas para novos estudantes e com mais candidatos a colocá-las na sua primeira opção. As engenharias não foram escolhidas como primeira opção de estudo devido às ciências empresariais (9.175 candidatos) e à saúde (8.692 candidatos), sendo que estas duas áreas abriram muito menos vagas do que a procura que têm.
Sindicato Nacional do Ensino Superior considera o aumento de colocados uma preocupação e um fator de pressão para os docentes
O Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) manifestou o seu contentamento face à grande quantidade de novos estudantes no ensino superior, mas não deixou de lado a sua preocupação pelo corpo docente cada vez mais envelhecido.
Em declarações à Lusa, o presidente do SNESup, José Moreira, referiu que estão “contentes que o número de alunos a entrar no ensino superior se mantenha elevado, de todos os modos isto para os docentes do ensino superior causa alguma pressão”. Para o dirigente sindical, o aumento de aposentações e a perda do poder de compra por parte dos profissionais são problemas a ter em consideração.
Para José Moreira, o país deve “procurar outros caminhos”, que passam “pela especialização tecnológica e por inverter a questão de haver pessoas altamente especializadas com salários diminutos”, de forma a prevenir o afastamento de profissionais formados que vão trabalhar para outros países.
Dos 59.073 candidatos, estão já colocados 49.438, tendo sobrado para a segunda fase 5.212 vagas, “o menor número de vagas sobrantes desde 1999”.