De modo a acompanhar o sucesso astronómico que se esperava e se revelou na estreia do filme Barbie (2023), foi apresentado ao público o soundtrack que acompanharia a jornada da Barbie estereotipada entre duas realidades tão distintas: o mundo plastificado e a realidade.

Somando 17 obras totalmente dedicadas a dar vida ao novo filme, Barbie: The Album conta com nomes ilustres da indústria musical. Billie Eilish, Dua Lipa, Ava Max, Charli XCX, Nicki Minaj e Sam Smith foram alguns dos vários artistas desafiados pela diretora Greta Gerwig. É de ressaltar o desempenho do ator Ryan Gosling, que dispensa apresentações, onde impressionou com um solo sobre as dificuldades de ser um Ken. (“I’m Just Ken”).

The Independent

Destoando completamente do estilo vivo, divertido e super vibrante que se faz sentir na generalidade do álbum. Billie Eilish, juntamente com o seu irmão FINNEAS, apresentam uma música melancólica, imergindo nas dúvidas do ser e do seu propósito. Acompanhando o clima de crise existencial prosperado por uma figura da Barbie que já não se encaixa no mundo e feminilidade atual (“I was an ideal / Looked so alive, turns out I’m not real / Just somethin’ you paid for”), “What Was I Made For?” redonda sobre essa mesma questão de forma retórica, num monólogo do próprio interior.

Representando ainda os pensamentos e questões próprias da artista inconscientemente, rapidamente sentimos a clausura que prende e obstruí o trajeto do autodescobrimento, “I don’t know how to feel / But someday, I might / Someday, I might”. É uma prosa difícil de acompanhar sem se emocionar ou se identificar com os vários questionamentos inevitáveis da vivência humana. Esses questionamentos são igualmente compartilhados pela Barbie, um ser perfeito desde o seu design, podendo revitalizar a esperança interior de cada um de nós.

Mediante um corte repentino nas diversas emoções desenvolvidas nos momentos finais do longa-metragem, “Barbie World” de Nicki Minaj e Ice Spice completam o humor do filme, reforçando que a Barbie pode ser tudo, inclusive uma baddie, “And I’m bad like the Barbie (Barbie) / I’m a doll, but I still wanna party”.

Apesar de ter sido apenas reservada para os créditos, a “nova Barbie Girl” despertou um enorme sucesso em várias plataformas, tanto de streaming como nas redes sociais, sendo a mesma uma referência imediata ao mais novo filme da Mattel. “Barbie World” representa uma versão mais atualizada da memorável música “Barbie Girl” (1997) do grupo musical dinamarquês Aqua. Contendo samples da mesma, mas que para tristeza de muitos fãs, a canção de 1997 não foi introduzida na soundtrack do filme.

Barbie: The Album acompanha perfeitamente o filme na sua integridade. As faixas tornam-se parte ativa e imprescindível no contar da história e na exposição dos sentimentos que vão ser exteriorizados, ou não, pelos vários personagens durante todo o desenvolvimento.

Reflete tudo aquilo que era esperado de um filme sobre a Barbie: vibrante, divertido e sem dúvida muito cor-de-rosa. Mas, ao mesmo tempo, todas as sensações mais desconfortantes que surpreenderam o público após a visualização do filme.