Os reitores das Universidades e Politécnicos realçam que é necessário “realismo sobre a matriz empresarial portuguesa”
O financiamento do ensino superior continua a basear-se no número de alunos de cada instituição. Apesar disso, verifica-se a criação de contratos-programa de desenvolvimento, que visam aumentar o papel regional das instituições. Os parceiros do Sector mostram relutância no novo modelo de financiamento e esperam que este seja ainda discutido com os responsáveis.
António Sousa Pereira, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), afirma que “todos os fundos que possam vir a apoiar o desenvolvimento do sistema de ensino superior são bons”. No entanto, questiona a exequibilidade do novo modelo do governo, assim como o órgão que preside corroborou a 24 de julho “num parecer enviado à tutela”.
O novo sistema tem por objetivo que as instituições do ensino superior sejam financiadas através de “fundos regionais geridos pelas regiões autónomas ou pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR)”, bem como através das verbas das autarquias e de instituições privadas. Nesse sentido, são aplicados contratos-programa de desenvolvimento de caráter regional. Estes contratos são destinados a universidades e politécnicos situados em localizações periféricas, como regiões autónomas, ou zonas de menor demografia como o interior do país.
António Sousa Pereira sublinha que é necessário “algum realismo em relação à matriz empresarial portuguesa”. “Precisamos de ver nos planos estratégicos das CCDR dinheiro para este fim, e não vemos”, realça.
O Reitor da Universidade do Porto destaca que “quando dizemos que o Governo assegura um terço, as CCDR outro terço e as empresas outro terço é bom que tenhamos a noção da dificuldade que é”. “É preciso garantir que as empresas estão na disponibilidade de ser contribuintes líquidos para este fim, o que também não é linear”, acrescenta.
O modelo de financiamento está “fechado” sem qualquer discussão com os governos regionais ou com as CCDR, a quem foi atribuída um novo peso financeiro no financiamento das instituições de ensino superior. Maria José Fernandes, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), levanta as mesmas questões relativas ao novo modelo. “Temos a expectativa de ser chamados também para essa discussão” declara.
Os novos contratos programas são “um de dois tipos de contratos de financiamento previstos para o ensino superior no novo modelo orçamental”. Existe ainda um contrato de estabilidade que é destinado a “instituições que recebem mais dinheiro do que aquele a que teriam direito pela nova fórmula”. Estes contratos são suplementares às verbas financiadas pelo Orçamento do estado.
O modelo que vigora até 2024 continua a ser baseado no número de estudantes inscrito por instituição de ensino superior, incidindo em 70% da verba disponível. Os 30% restantes são destinados à correção das divergências entre o valor recebido por algumas instituições pelo estado e a sua dimensão, como é o caso do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa ou a Universidade do Minho. 18 instituições estão nesta situação.