O movimento “Greve Estudantil” levou ativistas da questão ambiental a barrarem a entrada do local onde estava previsto realizar-se o Conselho de Ministros.
Os ativistas pertencentes ao movimento “Greve Estudantil” regressaram às ruas, esta quinta-feira, com o intuito de bloquear a entrada dos representantes do Conselho de Ministros, no edifício do Instituto do Mar e da Atmosfera em Algés. A dezena de jovens, com idades compreendidas entre os 15 e 21 anos, foram apreendidos pela Polícia de Segurança Pública (PSP). Houve 17 detidos encaminhados para a esquadra de Porto Salvo, Oeiras, tendo sido libertados, posteriormente, quatro.
Os jovens ficaram em pares, com tubos de ferro a cobrir as suas mãos, entre as 7h30 e as 9h40. O ato foi uma tentativa de alertar para “a inação do Governo e das instituições perante a crise climática”, sublinhou a porta-voz do movimento, Beatriz Xavier, ao Jornal Expresso. A jovem expressou também que os jovens se sentem cada vez mais reprimidos “quando na realidade não queremos estar aqui e só estamos porque é preciso lembrar que o governo e as instituições nos estão a falhar”.
A reunião dos ministros decorreu na normalidade depois da retirada dos ativistas pela força policial. O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, reforçou que a política ecológica “tem estado no centro da ação governativa”. O representante acrescentou que “acelerar a transição para energias renováveis é um imperativo por razões ambientais, de soberania e económicas”, realçando o Plano Nacional de Energia e Clima. O plano tem como premissa reduzir o uso de combustíveis fósseis para gerar energia progressivamente, com neutralidade carbónica prevista para 2045.
Os ativistas persistem, reivindicando “o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, de modo a garantir que o inverno de 2023/24 seja o último inverno de gás no país”, sublinha a porta-voz ao Expresso. A ativista refere-se a relatórios da ONU que apresentam uma subida de 1,5 graus celsius até 2030.
Nas redes sociais, o ministro Duarte Cordeiro reconhece as reivindicações dos jovens e destaca que esses momentos de sensibilização promovem “a sociedade a agir com mais ambição”. Contudo, reconhece que chegar aos padrões exigidos pode não ser possível tão rapidamente.
Hoje, sexta-feira, a luta pela mudança continua. Pelas 10 horas os alunos reúnem-se na Cidade Universitária, sendo esta a nona manifestação desde 2019, através do projeto “Fridays for Future” promovido pela ativista Greta Thunberg. Os jovens declararam ao Expresso que as suas motivações são o “medo” pelo futuro, num mundo que se revela cada vez mais proeminente a questões como o aquecimento global, enxurradas, intempéries, entre outras.