Corpo em Chamas é a nova produção espanhola de suspense e drama criminal, que se encontra atualmente no topo global diário das dez séries mais assistidas. Inspirada em fatos reais, o mais novo sucesso da Netflix apresenta oito episódios de aproximadamente uma hora cada.
A minissérie traz aos ecrãs o famoso caso “El Crimen de la Guardia Urbana”, a apostar em três principais vias: a traição, a paixão e o ciúme. O mistério começa a partir do momento em que os restos do corpo de um polícia são encontrados carbonizados dentro dos escombros de um carro num matagal de Barcelona. A partir desse momento, a história desenvolve-se para desvendar quem é o autor do crime brutal. Assim, desde os primeiros minutos, os principais suspeitos da tragédia são a namorada da vítima, Rosa, juntamente ao seu amante e ao seu ex-marido.
A série traz tópicos muito interessantes de serem explorados, como as mentiras em relações tóxicas, a violência, o julgamento da mulher na sociedade perante os seus relacionamentos amorosos e até mesmo a corrupção da polícia diante as investigações. Entretanto, muitos são os pontos negativos da série, que a deixaram a desejar.
Primeiramente, é possível notar um enredo repleto de erros e de furos, o que torna a história extremamente confusa de início a fim. A trama conta com uma falta de linearidade e de cronologia desde o seu primeiro episódio, alterando entre passado e presente sem muitas indicações, facto que a torna cansativa e desconexa em muitos momentos. O ritmo de cada acontecimento é lento de um tanto quanto excessivo, o que traz muitas repetições e informações que não seriam necessárias para o contexto, transformando assim o suspense em algo maçante.
Ao se pautar na realidade, a história é claramente um pouco limitada, mas ainda assim os caminhos explorados pelo enredo não foram muito bem construídos. A série não é capaz de prender o espectador, que consegue imaginar desde de início quem é o culpado pelo crime, não trazendo nenhum tipo de reviravolta ou facto surpreendente no final.
Apesar de um enredo cheio de erros, o acerto no elenco foi espetacular, o que provavelmente justifica a notoriedade da série. O destaque principal cabe a Úrsula Corberó, atriz que dá vida a “Tóquio” em La Casa de Papel, que interpreta com maestria a protagonista Rosa, uma mulher extremamente manipuladora. Além disso, a boa fotografia é um aspecto que torna a série mais interessante, ao demonstrar diferentes pontos de vista com cores quentes e frias. A trilha sonora da série também é um ponto positivo da obra, uma vez que se encaixa perfeitamente com os sentimentos mais profundos e sombrios de cada personagem, conseguindo facilitar a ligação com o espectador a partir de canções de Elvis Presley, Aitor Etxebarria e Olga Guillot.
Portanto, Corpo em Chamas apresenta mais pontos negativos que positivos na construção da sua história e apresenta assim um sucesso contestável e questionável. Ao prometer uma trama intrigante, a minissérie de oito episódios poderia ser reduzida à metade na sua duração, com maior síntese de acontecimentos, para poupar tempo e torná-la mais envolvente aos olhos de quem vê.
Título original: El cuerpo en llamas
Realização: Laura Sarmiento Pallarés, Jorge Torregrossa, Laura Mañá
Argumento: Laura Sarmiento Pallarés
Elenco: Úrsula Corberó, Quim Gutiérrez, José Manuel Poga
8 de setembro de 2023