Estima-se que existam cerca de 120 mil pessoas com algum grau de perda auditiva em Portugal.
Este domingo, dia 24 de setembro, assinala-se o Dia Nacional do Surdo, por iniciativa da ONU. Esta data tem como objetivo sensibilizar a sociedade em relação às necessidades das pessoas surdas, destacando as barreiras de comunicação que enfrentam no seu dia a dia e promovendo a defesa dos seus direitos.
A Federação Portuguesa das Associações de Surdos (FPAS) é a instituição máxima de apoio aos surdos em Portugal. Na sua génese, em 1993, contava com a filiação de cinco associações. Atualmente, o número subiu para 11.
Em entrevista ao ComUM, o presidente da FPAS, Pedro Costa, refere que “as barreiras comunicacionais, as situações de discriminação, a falta de condições em igualdade” são alguns dos obstáculos que as pessoas com deficiência auditiva enfrentam diariamente. No entanto, a Federação estabeleceu acordos de cooperação com alguns serviços públicos, de forma a garantir respostas acessíveis, tais como: Ministério da Justiça, Segurança Social, SNS24 e o Instituto do Emprego e Formação Profissional.
Pedro Costa defende a importância da Língua Gestual na comunicação da comunidade surda pois esta é “fundamental na nossa vida diária pois é a nossa língua materna e, como tal, é urgente que possamos aceder a todas as áreas da sociedade em condições de igualdade com os demais cidadãos.”. O presidente da FPAS esclarece ainda que “existe o mito que a Língua Gestual é universal, mas isto não é verdade: cada país tem a sua própria Língua Gestual com vocabulário, expressões e gramática próprios.”. “No nosso caso, a nossa língua materna é a Língua Gestual Portuguesa (LGP)”, completa.
O presidente da federação reforça a relevância da Língua Gestual, demonstrando o seu desejo de que este tema fosse abordado nas escolas. “É fundamental para o desenvolvimento das crianças surdas. Seria também uma enorme mais-valia para uma sociedade mais acessível se o ensino da LGP fosse disponibilizado para os alunos ouvintes, diminuindo a distância comunicacional”, explica.
No que toca a novas tecnologias como aplicações de tradução de língua gestual, Pedro Costa pronuncia-se dizendo que “são muito importantes pois ajudam a encurtar distâncias e facilitam a comunicação”. No entanto, sublinha que “tem de se manter em mente que estes são sistemas de tradução. É fundamental que estes possam ser desenvolvidos com a constante articulação da Comunidade Surda, pois a Língua Gestual não são simples gestos isolados”.
O presidente da FPAS, esclarece ainda alguns mitos que estão normalmente associados à deficiência auditiva, nomeadamente “o termo “surdo-mudo”, que não é correto e que pode ser até ofensivo para a comunidade surda”. Clarifica ainda que “a mudez é um tipo de incapacidade, que erradamente continua a ser associada à surdez. Os surdos têm cordas vocais e aparelho fonador como qualquer ouvinte e têm a mesma capacidade fonética de produzir sons com o aparelho fonador, podendo ou não desenvolver a sua oralidade.”