A preocupação de criar uma camada jovem mais informada e culta reside nas bibliotecas, segundo Teresa Soares.

É comemorado hoje, 23 de outubro, o Dia da Biblioteca Escolar. Em Portugal, a data é assinalada anualmente na quarta segunda-feira de outubro: o Mês Internacional da Biblioteca Escolar (MIBE), instituído pela International Association of School Librarianship (IASL) em 2008. O objetivo deste dia é celebrar o papel fundamental das bibliotecas escolares no ecossistema educativo e na formação cultural e humana dos seus utentes.

O mote do MIBE 2023 é “Biblioteca escolar: o meu lugar preferido para criar e imaginar”. Desde a infância que nos falam, seja em casa ou no meio escolar, de como a literatura nos enriquece. Não vemos as bibliotecas como apenas um repositório de conhecimento ou de apoio ao estudo, mas como um portal para outras dimensões, nas quais podemos dar asas à nossa imaginação.

No âmbito das comemorações deste ano, a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) lançou duas iniciativas: um concurso no qual os participantes são desafiados a mostrar o seu ponto de vista sobre os recursos e atividades de uma biblioteca através de uma visita virtual e a formação de uma roda de alunos para a realização de leituras conjuntas – de modo a que todos reflitam, dialoguem, questionem e imaginem. Na sequência desta última proposta, a RBE disponibilizou um conjunto de obras sugeridas para serem analisadas na sala de aula.

À luz desta data, o ComUM falou com a professora Teresa Soares que leciona Português no terceiro ciclo e secundário e sempre esteve associada aos projetos desenvolvidos pelas bibliotecas das escolas onde exerce a sua profissão. “Atualmente, seria muito difícil conceber uma ideia de escola sem uma biblioteca dinamizadora e agregadora de conhecimentos”, explica. “Esta deve ser, por excelência, o núcleo de toda e qualquer escola: fonte de riqueza cultural e científica, através das leituras e das pesquisas orientadas e voluntárias”.

Relativamente à forma como uma biblioteca pode mudar o percurso escolar de um aluno, a docente refere que, enquanto professora de Português, professora bibliotecária e coordenadora bibliotecária, deve realçar “o trabalho de motivação para a leitura, para a escrita e para as pesquisas como ‘embrionário’ na Biblioteca e ‘sustentado’ pelos docentes, que devem trabalhar em parceria com a mesma”. Sem esse “diálogo” ou “sintonia” entre professores e estudantes, “o percurso até à biblioteca torna-se árduo e pouco frutífero”, salienta.

“A biblioteca deve promover a formação de utentes e mostrar o quão valiosa e duradoura é a aprendizagem ‘por descoberta’. Formar leitores é formar cidadãos para o presente e para o futuro”, acrescenta a professora. Desafiada a revelar-nos como vê a biblioteca e o que mais pode ser feito para cativar os alunos para a frequentar, confessa que é “idealista”. “Imagino a biblioteca ‘núcleo’ e a biblioteca que persegue os alunos, que os provoca, que está em todos os cantos da escola”.

Teresa Soares conclui que “sem criatividade e dinamismo a ideia de biblioteca morre à nascença”. Numa época em que as tecnologias e os novos formatos digitais cada vez mais ocupam os tempos livres, até no recinto escolar, cabe a todos refletir sobre o que falta cumprir para fazer das bibliotecas um espaço comum de enriquecimento humano e cultural. É necessário trazer este ambiente para os jovens, transcendendo a sua forma física, através das leituras e dos mundos que estas proporcionam.