Tratou-se de um concerto intimista, no piano, regressando às raízes.

No passado sábado, dia 7 de outubro, Carlos Maria Trindade divulgou o seu último álbum, Vitral Submerso, cuja produção começou em 2018, num espetáculo ao piano no espaço cultural gnration. Esta apresentação foi elaborada de modo a não só dar a conhecer o álbum ao público, mas também para homenagear composições antigas e outros discos que o artista pretende revisitar.

O primeiro álbum a ser mencionado durante o espetáculo foi Mr. Wollogallu, o álbum “de culto” experimental revolucionário para a época em que foi publicado, em 1990, no qual o artista trabalhou junto com Nuno Canavarro. Do álbum foram apresentadas duas composições: Plan e West, ambas adaptadas para versões ao piano.

Finalmente, Carlos Maria Trindade anuncia Vitral Submerso. Descreve o disco como uma amostra da sua longa e solitária viagem com a música. Cada música presente neste álbum pretende descrever sensações que o artista não explica por palavras. Luz de Pavia, por exemplo, é uma dedicatória à vila do alentejo onde vive, Pavia, que tão bem o recebeu. Já Guerra e Compaixão é uma homenagem àqueles que, em momentos de desespero, têm a coragem de acudir os vulneráveis. Toca ainda uma valsa que relembra o passado como acontecimento traumático, porém magnífico.

O único elemento em palco é o imponente piano de cauda e todo o concerto decorre numa sala iluminada apenas por pequenos focos de luz, que exprimem os sentimentos e matérias que o artista transmite e trata com o que toca. O azul do Atlântico, o vermelho do sangue, o verde da aurora boreal, entre outros.

Carlos Maria Trindade provou-se um autêntico inovador na exploração da música eletrónica, passando grande parte da sua vida a tocar sintetizadores. Moldou muito do som que definiu os anos 80 em Portugal. Realizar o concerto a solo no piano de cauda realça o facto de este ser um retorno às suas origens.