Lançado no ano passado, o filme francês Falcon Lake retrata a história de um rapaz tímido, Bastien. Passa a sua pré-adolescência de férias numa casa do lago, onde desenvolve uma relação improvável com uma adolescente perturbada pela vida, Chloé.
O filme tem a premissa de representar uma coming out of age story de um jovem inocente que procura saciar a sua curiosidade do mundo adolescente, que se avista. No entanto, a longa acaba por cair em clichés e estereótipos reutilizados.
Bastien é um rapaz inseguro que ludibria aquilo que Chloé, mais velha e experiente, lhe pode oferecer. A relação que desenvolvem é pautada por um desequilíbrio em termos de maturidade, aspirações e expectativas. Bastien vê em Chloé uma porta de acesso ao mundo adolescente, enquanto Chloé encontra um escape dos seus problemas e da sua crónica solidão com ele.
Essa dicotomia que poderia trazer uma substância interessante ao filme, revela-se ser algo que traz o perpetuar de clichés de histórias do género. A troca entre eles é existente durante o período em que Bastien fica de férias e é abruptamente terminado quando este abandona o local de férias.
O desenvolvimento do filme traz uma tentativa mal conseguida de abordar a questão da entrada na adolescência. Perpetua-se muito mais o aspeto sexual que o emocional. Este último é apenas desenvolvido por Chloé , de uma forma muito superficial. Estas diferenças perpetuam também os estereótipos da entrada da adolescência como algo mais físico do que psicológico, apresentando dicotomia entre os dois géneros.
As personagens, especialmente Bastien, apresentam uma imaturidade e curiosidade própria da idade. Essa curiosidade torna-se das narrativas principais da obra cinematográfica, mas cai em exagero quando segue uma linha estereotipada e pouco original. O final do filme é também pouco satisfatório. Não traz o resolver do conflito e apresenta uma abordagem mais passiva ao desenvolvimento de ambas as personagens. Isto traz um sentimento de falta que não é preenchido pela narrativa do filme em si.
A parte mais bem conseguida do filme foram os protagonistas com uma atuação exímia em todos os sentidos, especialmente nas cenas mais sensíveis ou emocionais. Nesse sentido Falcon Lake é um cliché do seu género, perpetuando estereótipos e preconceitos, sem arriscar em trazer algo verdadeiramente original ou inovador.
Titulo Original: Falcon Lake
Realização: Charlotte Le Bon
Argumento: François Choquet, Charlotte Le Bon, Bastien Vivès
Elenco: José Engels, Sara Montpetit
França
2022