O Dia Mundial da Ciência para a Paz e Desenvolvimento, estabelecido pela Organização das Nações Unidas em 2011, comemorou-se a 10 de novembro.
O 10 de novembro assinala a importância da ciência na sociedade e é realça a necessidade de envolver um público mais alargado em debates sobre temas científicos emergentes. Este ano, o tema para o Dia Mundial da Ciência para a Paz e Desenvolvimento foi “Construir confiança na ciência”. O papel da ciência na formação de um futuro coletivo só pode ser cumprido quando houver confiança na ciência.
É a confiança depositada na ciência que tem promovido o desenvolvimento e aumentar esta confiança tem contribuído para um maior fortalecimento das decisões políticas baseadas na mesma e o apoio das sociedades à sua aplicação. Pretende-se que os cidadãos sejam mantidos e informados sobre a evolução da ciência e que valorizem o papel que os cientistas desempenham no alargamento da compreensão do planeta em que vivemos, para tornar as sociedades mais sustentáveis.
Em conversa com o ComUM, José Pedro Frutuoso Araújo, mestre em Bioengenharia, refere que “é difícil falar sobre medidas que procurem a manutenção da paz face ao constrangimento da sociedade pela diplomacia”. Contudo, sabe-se que há iniciativas para a manutenção e promoção da paz, como as desenvolvidas pela Fundação de Ciência e Tecnologia. Esta disponibiliza fundos para a elaboração de projetos de investigação.
Em resposta à relação das investigações científicas com os conflitos de guerra que atualmente enfrentámos, o bioengenheiro refere que “é um bocado difícil relacionar as investigações científicas, porque na sua maioria são investigações básicas”. Salienta, porém, que “há outros tipos de investigação mais dirigidos”. José Araújo exemplifica com desenvolvimento de medicamentos, que defende apresentar grande relevância na “mitigação dos efeitos da guerra nas vidas humanas”.
A ciência não evolui sem investimento e, nos países menos desenvolvidos, as pessoas que possuem ligação a este ramo acabam por emigrar. A Índia e a China são exemplos de países com boas universidades e bons departamentos de investigação, mas há um grande abandono dos países por cientistas e pessoas que se querem especializar na área da ciência. “Era preciso um maior investimento na ciência por parte dos governos e um incentivo dos países mais desenvolvidos”, apela José Araújo.
Face à desvalorização da ciência por parte da população, o estudante diz que “a sociedade tem mais tendência a interessar-se por questões da área da saúde”. Refere que se tende “a valorizar o trabalho de um médico e menos o trabalho do investigador que desenvolve o produto que o médico tem de utilizar”. José Araújo defende que “é um trabalho estuante, de tentativas erros de muitos anos a tentar a solução correta”.
No que toca à secção Científica e Tecnológica dos jornais, regista-se um elevado nível de desvalorização por parte dos leitores. “Aquilo que domina a nossa comunicação social são os casos mais bombásticos, como política e o futebol”. O estudante lamenta que no ramo da investigação não se possa reportar “qualquer vitória”. “Os jornais são feitos para qualquer pessoa poder ler, não para um cientista poder ler e por isso é que existem as revistas científicas”.