No dia 5 de novembro, foi no festival literário Utopia que Miguel Esteves Cardoso refletiu sobre a sua carreira e os anos onde tem vindo a escrever todos os dias. O escritor falou sobre todo o processo que é a escrita, e como a leitura é a peça mais fundamental para tal. “Eu escrevo uma hora e leio quinze “, afirmou o também crítico.

O escritor começou a entrevista com o tema da idade e intemporalidade de uma carreira.  Esteves Cardoso mostrou não apresentar receio perante os seus altos e baixos, não sendo o agora necessariamente o que necessita ser melhor. O passado enquanto o seu auge é irrelevante, no sentido em que fica feliz se o seu sucesso tenha sido há anos ou se seja agora.

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Mais do que refletir sobre a sua carreira, o autor mostrou a sua perspectiva de como as pessoas em geral precisam de escrever mais, parecendo-lhe existir muita gente inteligente que não treina a prática e, por isso, não transmite os seus pensamentos através da escrita. O seu concelho seria de que toda a gente deveria dedicar pelo menos duas horas do seu dia com um papel e um lápis, nem que seja a escrever as coisas mais banais, pois isso levaria eventualmente a algo interessante. Esta falta de escrita por parte da população deve-se ao facto de que sempre se ensinou a redigir e não a escrever, segundo Miguel Esteves Cardoso.

Para o escritor português, as pessoas estão em constante “dessinfonia de momentos”, principalmente nos tempos que correm, onde o que é falado face a face só é absorvido em parte – e é por esse motivo que a escrita é tão importante. O parar para ler requer uma atenção diferente ,que por norma força o leitor a processar a informação, chegando a um encontro entre o escritor e o leitor.

Esteves Cardoso falou, também, sobre o cuidado com as palavras e a sua importância. O autor português exemplificou com a palavra “amar” ,que por vezes é gasta em coisas banais e perde a sua força. Referiu igualmente o desejo por cativar a leitura e, nessa corrente, comentou o quão aprecia falar de Portugal para os portugueses, seja de que forma for, e a necessidade de comparação que temos em relação a outros países.

Por fim, foi perguntado a Miguel Esteves Cardoso sobre outros dos seus principais tópicos na escrita, como a música e a comida. O entrevistado justificou apenas dizendo que é pelo simples facto de que são coisas constantemente presentes tanto na sua vida como na de todos nós e, portanto, obviamente, tende a falar de tal.

Foi com o seu carisma que o famoso escritor marcou presença no festival literário em Braga, numa entrevista que parecia mais uma conversa interessantíssima. Assim como a perspectiva de alguém que faz da sua vida refletir sobre tópicos que todos nós, por vezes, adoramos que reflitam por nós.