4 artistas de países distintos envolveram Braga em duas noites de embalos e boa música.
Nils Fraham e os Mutu apresentaram-se no Theatro Circo no dia 24, seguido pelo grupo Gilsons e Josh Rouse (dia 25). Os convidados participaram na 20º edição do Festival para Gente Sentada, que anteriormente decorria em Santa Maria da Feira. Entretanto, a partir de 2014, foi adotado por Braga e desde então artistas renomados como Capitão Fausto, Valter Lobo e O Terno passaram pela cidade.
Há também artistas que retornaram aos palcos do festival depois de se terem apresentado em anos anteriores, como é o caso de Niks Frahm. O produtor alemão de 41 anos regressa em digressão com o seu novo álbum, “Music For Animals”, após um hiato de quase três anos. Segundo uma entrevista feita pelo Jornal de Notícias (JN) ao diretor do evento, João Carvalho, “quando são nomes incontornáveis e que encaixam no nosso conceito, como é o caso do Nils, é uma honra poder voltar a programá-los”.
A primeira parte do festival, nesta sexta-feira, no entanto, ficou a cargo dos Mutu, um grupo bracarense que surgiu em 2020. O quarteto formado por Diogo Martins como vocalista, Pedro Fernandes nos sintetizadores e guitarra, Nuno Gonçalves nos teclados e João Costeira na bateria, harmonizou uma simbiose entre a tradição portuguesa e a contemporaneidade.
Sem lugares marcados, a noite do segundo dia começou animada antes mesmo do teatro abrir. Uma grande fila já se formava na porta para receber os próximos artistas do festival. O grupo formado por João, Francisco e José, respetivamente, netos e filho do cantor brasileiro Gilberto Gil, recebe naturalmente o nome de Gilsons. Assim, iniciaram o concerto com melodias mais leves e, aos poucos, levaram o teatro à euforia. Para além das canções do “Pra Gente Acordar”, álbum que lhes rendeu uma nomeação aos Grammy Latinos, singles como “Índia”, uma parceria com Julia Mestre, integraram a setlist.
O trio explora nos seus ritmos uma mistura de MPB (música popular brasileira) com reggae e samba, mas sempre com influências e homenagens às suas raízes baianas. Ao longo das apresentações, os artistas trocavam interações com o público com encanto e simpatia. Uma das canções mais populares, “Love Love”, foi dedicada a uma fã e o auditório exaltou-se com animação, coberto por uma iluminação vermelha.
Um clássico momento de lanternas levantadas no ar foi um dos pontos altos da noite. Assim, o público envolveu-se com grande emoção, enquanto cantava em coro o refrão popularizado de “Várias Queixas”. No lugar de se despedirem com esse grande sucesso, os artistas, animados com a energia da plateia, tocaram mais 3 composições. No final do espetáculo, declararam com tristeza que maquela noite foi o seu último show da tour europeia. Finalizaram, assim, com a música simbólica da família, “Palco”.
Em contraste com a apresentação anterior, Josh Rouse abriu o seu espetáculo com algumas cadeiras vazias, mas os seus verdadeiros fãs não o deixaram na mão. O cantor e compositor estadunidense obteve sucesso com o álbum “1972” e voltou a Portugal para celebrar os 20 anos das canções.
O estilo folk-pop levou a audiência a momentos de mais introspecção em conjunto com histórias nostálgicas que evocou o álbum de 2003. Desde o início, o artista convidou o público a levantar-se, como foi o caso de “Love Vibration”. Após alguns minutos de Josh e a banda saírem do palco, foram ovacionados e voltaram para o bis. “Come Back” encerrou mais um ano do festival de gente que não conseguiu ficar sentada.
Com a grande adesão ao festival, as expectativas para o ano que vem são altas. O diretor do evento também mencionou na entrevista ao JN que “nunca o festival esgotou tão cedo” e por isso compreende esse fator como uma “prova da relevância que mantemos”.