Mais uma vez, as gravadoras querem limitar os seus artistas para obterem mais poder de controlo dos seus álbuns e o dinheiro que deles advém. Neste momento, querem prolongar o processo de regravação para uma duração absurda de 10, 15 ou até 30 anos após saírem da gravadora. Foi revelado pela Billboard, que as grandes editoras discográficas (Universal Music Group, Sony Music Entertainment e Warner Music Group) reviram os contratos para os novos signatários com esta cláusula, recentemente.

Esta informação veio de advogados musicais que estão, devidamente, a resistir contra esta armadilha. Já que, se os artistas saíssem das suas gravadoras não teriam quaisquer direitos dos seus catálogos, durante a duração mínima de 10 anos. Não podendo utilizar as suas músicas sem ter permissão destas, em qualquer tipo de ocasião.

Tudo isto é uma resposta do sucesso da regravação dos álbuns antigos de Taylor Swift, que já lançou quatro dos seus seis primeiros álbuns. Este processo começou em 2019, quando o seu catálogo foi vendido à Scooter Braun, após a mesma não ter tido a possibilidade de o comprar. Percebe-se bem que quando começou a regravar os seus discos, o seu motivo não era causar esta desagradável reação das gravadoras. Mas sim, mostrar que os músicos podem e devem ter o direito da música que produzem.

O impacto de Taylor Swift fez com que muitos novos artistas tivessem mais atenção com os seus contratos, como no caso de Olivia Rodrigo, que disse que conseguiu um acordo que lhe favorecia a esse nível. Contudo, esta nova medida torna a situação muito complicada para quem pretende assinar com gravadoras no futuro, relembrando que, previamente, se podia regravar após 5 a 7 anos da saída da gravadora. Infelizmente, depois de tantos anos, as editoras e a sua ambição exagerada continuam a ser um problema para os artistas e a sua vontade de fazer música.

Até quando terão de levar com cláusulas que só lhes causa prejuízo a longo termo? Quando o advogado Josh Karp viu as novas limitações nos contratos do Universal Music Group disse: “O que é isto? Isto é estranho. Porque concordaríamos com mais restrições do que as que concordamos no passado com o mesmo selo?”. Isto demostra que as editoras criaram estas limitações sem qualquer precedente e surpreenderam até advogados da área no quão graves são.

Gandhar Savur, advogado de Cigarettes After Sex, Built to Spill e Jeff Rosenstock acrescentou que, recentemente, fez “um acordo com um grande [artista] indie que tinha uma restrição de regravação de 30 anos. Obviamente, é muito mais longo do que estou habituado a ver”. Só de pensar que os nossos artistas mais promissores do futuro só poderão regravar os seus álbuns 30 anos após o lançamento, simplesmente porque optam por não permanecer na mesma gravadora, é terrivelmente assustador.

Já há algum tempo que as editoras musicais não têm uma boa imagem. São muitas vezes vistas como sugadoras de almas com talento apenas por dinheiro, devido aos inúmeros casos de músicos explorados pela indústria musical. Se esta nova medida, realmente, se concretizar, os nossos futuros artistas vão viver presos dentro destas gravadoras.