O estudante do primeiro ano candidata-se pela lista V com o mote “Todos têm voz”.

As eleições para a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho) decorrem esta quarta-feira, dia 6 de dezembro. Gabriel Castro, aluno do primeiro ano da licenciatura em Direito, é candidato à presidência da Mesa da Reunião Geral de Alunos (RGA), pela lista V. Em entrevista ao ComUM, o estudante explicou os valores, princípios e objetivos da sua candidatura.

ComUM – Enquanto estudante do primeiro ano, o que é que te fez estar mais ativo na política da universidade e o que é que te levou a candidatar a um órgão máximo da Associação Académica?

Gabriel Castro – O que me incentivou foi essencialmente essa conexão com os estudantes do primeiro ano, no sentido em que em conversa com eles percebi que existia muito desconhecimento relativamente aos órgãos da AAUMinho, nomeadamente em relação à RGA, e foi aí que eu e a minha lista vimos uma vontade coletiva em fazer conhecer a Reunião Geral de Alunos e a importância que este órgão tem na vida dos estudantes.

ComUM – Quais são com os objetivos da lista V?

Gabriel Castro – Os objetivos da minha lista vêm da perspetivação de que existe muita insuficiência na divulgação da Reunião Geral de Alunos atualmente. Portanto, no sentido de ter uma maior difusão das RGA que transcenda os meios digitais ou seja, perspetivando um maior contacto com os estudantes do primeiro ano. Ter uma alternância efetiva entre os campus de Azurém e Gualtar, porque as duas últimas RGA foram em Azurém, e vemos isso como um problema. Também a questão da transmissão digital da Reunião Geral de Alunos, ponho até como um dos objetivos a RUM, para que as pessoas pudessem ter acesso a este tipo de coisa.

ComUM – Falaste de uma melhor divulgação das RGA, de que forma tencionas concretizar isto ou seja, distinguires-te da direção do ano passado?

Gabriel Castro – Eu acho que se pode expandir muito mais essa questão da RGA, para além dos meios que se tem agora como cartazes e o e-mail institucional. Eu acho que era muito mais importante se tivéssemos meios visuais muito mais enfáticos como por exemplo uma faixa no Prometeu, na questão que muitos estudantes passam por ali. E também a questão de termos, efetivamente, contactos pessoais. Eu acho que é muito importante que a malta da mesa fale com os estudantes pessoalmente, dê a entender o que é uma reunião geral de alunos, porque, efetivamente, os estudantes podem até ouvir RGA, mas não sabem o que significa, e é esse tipo de contacto que a gente quer. E eu sei, de facto, por experiência mesmo, que até uma conversa, esse tipo de contacto com o pessoal, não deve ser subestimado, porque isso leva a muita coisa. Muita malta foi mobilizada para a última RGA, nomeadamente através do contacto pessoal. Falaram, “olha, sabe o que é uma reunião geral de alunos?”, e explicaram e eles mostraram muita disposição, e é essa disposição que a gente quer acarretar connosco.

ComUM – Tendo em conta a tua nacionalidade e as dificuldades que os estudantes estrangeiros passam, sobretudo nas propinas, de que forma pretendes combater isto no cargo ao qual te candidatas e de que forma podem as RGA contribuir para uma maior representatividade dos mesmos?

Gabriel Castro – É um bocado complicada essa questão. Um dos objetivos que eu esqueci de mencionar, mas que aqui tem extrema ênfase, é a promoção de momentos de discussão na mesma RGA, porque tem gente que vai lá, gente internacional, e que é sempre bem vinda a participação dessas pessoas lá. Então eu acho que isso advém também de uma maior conexão com os estudantes, nomeadamente os internacionais. Existe uma degradação de condições de vida dos estudantes, nomeadamente os internacionais, que não são abrangidos por nenhum teto de preço, ou seja, as propinas deles perpassam as de 70 euros, vão até 450 euros, isso daqui vira uma privada. Então eu acho que é de extrema importância que se tenha maior conexão com os internacionais. Isso se faz com uma maior presença na universidade, com uma maior presença nos meios em que estão os estudantes internacionais. E sendo a RGA o órgão onde os estudantes têm o direito de falar dos seus problemas, é a mesa não só segurando essa conexão presencial aqui na universidade com os estudantes, como também na própria RGA, promovendo a discussão entre eles e que esses pontos sejam levantados. É fazer com que a reunião geral de alunos siga o status da associação académica e que todos tenham, esse é até o slogan da lista, voz na reunião geral de alunos.

ComUM – A maior parte dos alunos não sabe o que é e para que serve a RGA, de que forma pretendem mudar isto? Quais são as razões para os estudantes não aderirem às RGA?

Gabriel Castro – Eu acho que o principal motivo é a questão de eles não saberem o que é uma RGA. Eu já falei com muita gente, já contactei com muita gente sobre a questão da reunião geral de alunos, seja em distribuição de conflitos da lista, seja anteriormente, porque eu já tinha interesse nisso desde que eu entrei na universidade. O que senti era que as pessoas que conheciam o que era a RGA, conheciam mais pelo nome do que a função. E eu acho que era muito bem-vindo não só o anúncio da reunião geral de alunos, não só nos sete dias antes, como no próprio dia, por meios digitais e presenciais, como também a própria explicação do que é uma reunião geral de alunos. Porque os estudantes ouvem “vão à RGA, é importante saber o que é uma RGA” mas não sabem o que é uma RGA, eles não vão lá. Então, explicar a importância que tem a RGA, essencialmente o órgão deliberativo máximo da associação académica. Lá os estudantes podem levantar seus problemas e podem prosseguir em soluções aos seus problemas. Lá não é somente um espaço de aprovação de documentos chatos, lá não se avança efetivamente. O que se necessita para avançar é mais mobilização estudantil, mais presença estudantil lá na RGA. A gente vê que o problema principal dessa ausência dos estudantes na reunião geral de alunos é o desconhecimento deles, do propósito da RGA, essencialmente essa assembleia que assegura o direito dos estudantes, então tem que ter mais esclarecimento nesse sentido.

ComUM – E exemplos práticos? Achas que passaria por palestras? Como é que atingias isso?

Gabriel Castro – Eu acho que não só pela questão dos cartazes que já estão presentes, como faixas também, e a questão das brigadas de contacto, como também acho que palestras, vídeos, divulgações desse tipo de forma e também a das redes digitais da própria associação académica. Foi aprovada uma moção na Reunião Geral de Alunos do dia 30, que era para uma maior divulgação da RGA através de maior contacto entre as organizações, núcleos e comissões. Mas a questão não foi cumprida, sendo que no dia da RGA de dia 15, no Instagram da associação académica constava três stories; nenhum deles era da própria RGA. Então pronto, não só os cartazes, faixas, divulgação digital nesse sentido, como claro, explicação do que a reunião geral de alunos é, e também palestras, eu diria. Ocorrem tantas palestras aqui que, por exemplo, referentes à saúde mental, de que são de grande importância, mas que têm outras soluções que eram mais importantes para a saúde mental do que meras palestras. Se são feitas essas, também podiam ser feitas para RGA, eu não vejo nenhum problema com esse tipo de coisa.

ComUM – Tens alguma mensagem que queiras deixar à academia?

Isso é algo que eu repito muito, mas eu justamente repito muito porque se verifica muito. Eu acho que a mensagem que eu deixaria aqui seria que se você estudante e sente que a sua vida está piorando, que é um facto aqui entre muitos estudantes, a grande maioria, sente que as condições de vida dos pares entre vocês estão em degradação, era mostrar que tem gente disposta, gente do primeiro ano, disposta a mudar o rumo em que a universidade está seguindo atualmente, que a gente vê como insuficiente. Gente que está disposta a promover uma maior inclusão do meio estudantil e que saibam onde podem falar dos seus problemas sem que os estudantes fiquem desmoralizados. Que tenham coragem de ir à reunião geral de alunos e que vejam que tenham gente que tem coragem de reunir eles e botar eles lá, mobilizar eles para lá. É essencialmente essa questão que a gente foca, a questão de não deixar que os estudantes se sintam excluídos, se sintam desmoralizados. Que eles sejam incluídos nesses meios tão importantes à Universidade do Minho.